domingo, 31 de março de 2024

 


*
OVNI *  

Ao amigo, no infinito.

Madrugada alta, em sonho,

acudiram-me raiados lampejos,

ejetados de uma nave circular,

em manso pouso nas longínquas planuras

dos pampas da minha juventude. 

Senti-me abduzido.

Seria um OVNI? 

Foi quando, iluminado, constatei,

não se tratar de Objeto Voador,

e sim, Ocasional Vivência,

como outras tantas que

no retrovisor do tempo,

ora revejo. 

Em estando, como de fato estive,

navegante solitário

naquela nave-vida, rápida como a luz,

voltas muitas, dei ao mundo. 

Falo de meu mundinho.

Recôncavo baiano,

mansas encostas marinhas

onde o vento, em curva, ajoelha-se.

Tamanho?

Um ponto, um pingo no ‘i,

a cabeça de um alfinete. 

Assim, ante tanta disparidade

entre tamanho e velocidade,

vi-me na idade de entender

ser a conformidade

 o melhor prazer. 

Calo-me, mas aflito,

retorno ao sonho antigo,

o de poder um dia, no infinito,

conversar contigo, amigo.




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