sexta-feira, 19 de setembro de 2014

O que nos “é imposto”


         A imensa carga tributária do Brasil é uma das maiores do mundo e isso não é nenhuma novidade. Pagamos impostos e mais impostos, muitas vezes dois ou mais impostos sobre uma mesma coisa, como é o caso da gasolina, também uma das mais caras do mundo. Quando abastecemos um veículo já deixamos na bomba de gasolina alguns impostos que nos são “impostos”. Inclusive uma tal de CID que, teoricamente, serviria para construção e conservação de estradas, mas que, como todo mundo sabe, não é o que acontece e as estradas brasileiras são as piores do mundo também, perdendo, talvez, para alguns países sulamericanos ou centroamericanos.
         Surge agora a notícia de que a Ordem dos Advogados do Brasil, seccional-Bahia obteve uma liminar suspendendo a apreensão de veículos pelo não pagamento do IPVA, imposto esse que é cobrado dos proprietários de veículos automotivos, também com o objetivo de construir e conservar estradas estaduais. Não sabemos até quando irá vigorar esta liminar e nem qual será a decisão judicial sobre o assunto. A OAB entende que a retenção de veículos pelo não pagamento do IPVA é ilegal. Para a juíza que concedeu a liminar, "apreender veículo na via pública por débito de IPVA, é o mesmo que expulsar, sem qualquer prévio procedimento, o contribuinte de seu lar em caso de inadimplemento do IPTU".
         Entenda-se então que o que a OAB pretende é evitar a apreensão de veículos pro atraso no pagamento do IPVA. Isso, contudo, não quer dizer que o proprietário do veículo não deva também pagar o licenciamento e o seguro obrigatório. O problema é que esta cobrança é feita em um só documento. Ou seja, paga-se o licenciamento junto com o seguro e o IPVA. O seguro é obrigatório, o licenciamento também. Mas o IPVA é apenas um imposto e que pode ser cobrado pelos meios judiciais sem tirar do proprietário do veículo o seu bem.
         Questões jurídicas a parte, resta a questão sobre o que é feito do dinheiro recolhido com o pagamento do IPVA. Afinal, a maioria das estradas baianas está em petição de miséria. E aquelas que estão razoáveis para o trafego são privatizadas e quem as utiliza paga pedágio, caracterizando ai a bitributação estadual. Isso sem contar com a CID que é uma tributação federal.
         Essa tributação múltipla sobre os mesmos produtos é o que encarece, em muito, tudo o que adquirimos ou que utilizamos. Há uma infinidade de produtos e serviços sobre os quais incidem múltiplos impostos ou taxas. Some-se a isto os encargos sociais de quem monta uma empresa e se terá um quadro de tamanho da sangria nos bolsos de quem trabalha e produz sem que haja o esperado retorno.
         Na verdade, trabalhamos cerca de quatro meses ao ano só para pagar impostos, sem que tenhamos conhecimento ou percebamos no dia a dia a aplicação de toda essa dinheirama. Pensando bem, percebemos sim. Basta ver no noticiário geral os escândalos diários envolvendo autoridades que desviam ou simplesmente roubam verbas públicas.   



Nenhum comentário: