terça-feira, 30 de dezembro de 2014

“-E agora, quem vai me indenizar?”



Outro dia, ouvi um companheiro de jornada terrena comentando sobre os cuidados que as casas espíritas devem ter ao permitir alguém palestrar sobre reencarnação.
Não sei os motivos do comentário, só sei que Kardec não fundou nenhuma religião, e isso é o suficiente para não se instalar dogmas nessa ciência espírita.
Talvez o termo “ciência espírita” não seja o correto devido a versatilidade dessa doutrina que ora pode ser realmente religião, ora filosofia de vida e ora ciência espírita.
Para os espiritualistas, a encarnação é uma coisa tão dinâmica e tão científica que não se justifica nenhuma postura dogmática sobre o tema.
Sei que mudar certos conceitos não é fácil e sei também do preço alto que o saudoso pesquisador Ernani Guimarães Andrade, pagou para levar ao Brasil e ao mundo as mais ricas informações científicas sobre a espiritualidade.
A reencarnação, com ou sem explicações dogmáticas sempre existiu entre espíritas, ateus e religiosos.
Se dez companheiros estiverem explicando o processo reencarnatório e todos os dez tiverem explicações diferentes e contraditórias, pode ter certeza de uma coisa, todos os dez estão certos.
A reencarnação não é uma fórmula química onde a subtração ou adição de algum elemento altere o resultado. A mesma teoria se aplica ao processo desencarne. Tudo depende do momento, da situação e da  sintonia mental do gerador do evento.
A reencarnação é uma lei natural e, mesmo assim, muitos companheiros continuam dogmatizando e acreditando que, além das amizades espirituais, amealhadas nos centros espíritas, eles ainda detém um passaporte que, após o seu desencarne, este lhe dará passagem livre para alguma cidade espiritual tipo “Nosso Lar”.
E se não for assim, quem vai lhe indenizar. Quem vai lhe mandar uma mensagem via “WhatSapp” dizendo: - me desculpe companheiro de jornada, eu exagerei por “mea culpa, mea máxima culpa”.
O mundo espiritual é benevolente, e no final dá tudo certo, mas não é preciso se descaracterizar o trabalho do pedagogo Rivail Denizard lhe instalando dogmas e paradígmas de religiosidade.
Assim como a religião é fundamental na vida das pessoas, a doutrinária espírita, que não é religião e nem contém dogmas, deveria ser matéria obrigatória no ensino básico de nossas escolas. Com certeza, nossa relação social seria diferente.
Religião é algo fundamental e necessário para uma convivência harmoniosa, pois ela é uma festa sagrada onde se exercita o respeito, a fé, a gratidão e, acima de tudo, a harmonia familiar.  
Todas as religiões trazem esse princípio em seu bojo. Algumas exageram em suas tradições dogmáticas, outras extrapolam a alegria de uma geração rebelde e muitas norteiam suas festas, na gratidão aos antepassados. Todas são caminhos que levam ao mesmo lugar.
Todos, um dia, vamos morrer e quase todos voltaremos a dividir espaço sobre a bola azul.
Todos se beneficiarão da Luz que alumia o mundo e que nossos antepassados adoravam como sagrada, mas agora, somos ensinados que isso era ignorância dos antigos, e que essa fonte de luz divina, não passa de um grande gerador de câncer de pele.
Conrado Dantas

Nenhum comentário: