segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

FESTA DE NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA PRAIA




Tradição católica mantida por fiéis há mais de quatro séculos, a festa de Nossa Senhora da Conceição da Praia tem hoje (8) uma celebração especial. A Imaculada Conceição completa 40 anos como padroeira principal do estado da Bahia. A história da festa, assim como a da igreja, se confunde com a história da cidade de Salvador. A festa ultrapassa a dimensão da fé e valoriza principalmente a cultura local e a memória. A santa também é padroeira de diversos municípios no interior do estado.
O dia 8 de dezembro foi oficializado como o dia de Nossa Senhora da Conceição da Praia por ser a data em que foi proclamado o dogma da Conceição de Maria, em 1854, pelo Papa Pio IX, que confirmava que a concepção da mãe de Jesus havia sido sem pecado. A pedido dos bispos da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil Regional Nordeste III, o Papa Paulo VI decretou em 1971, Nossa Senhora da Conceição da Praia a padroeira da Bahia.

A mais antiga
A festa em louvor à Nossa Senhora da Conceição da Praia é a mais antiga festa religiosa do Brasil, sendo comemorada desde o ano de 1550. A primeira capela de taipa foi erguida a mando de Tomé de Souza que, segundo alguns relatos, teria ajudado na sua construção. Alguns anos mais tarde essa capela foi demolida e uma nova, feita de tijolos for mandada erigir pela família Albuquerque Cavalcanti. A imponente igreja atual teve a sua construção iniciada em 1739.
O ponto alto da festa religiosa, que se inicia dias antes com a novena em louvor à santa, é a procissão que percorre as ruas do comércio levando a imagem de Nossa Senhora da Conceição da Praia e do Deus menino. Durante o trajeto, uma parada obrigatória na Igreja do Corpo Santo, onde junta-se ao cortejo a imagem de São José. A Festa da Conceição, como todas as festas populares religiosas de Salvador, não escapa às manifestações profanas. Dezenas de barracas de bebidas fazem a festa da população que tentam driblar o calor intenso de dezembro com umas cervejinhas bem geladas.

A Igreja Basílica
Situa-se a igreja próxima do porto, no sopé da Montanha onde nasce uma das mais antigas ladeiras de acesso à cidade alta. O edifício está engastado na rocha viva. Sua vizinhança é constituída por altos sobrados do século passado, de utilização mista: comercial e residencial. A igreja integra o sítio da Conceição tombado pelo IPHAN (GP-1), e a encosta é protegida pelo art. 113 da Lei Municipal nº 2.403 de 23.08.1972, como zona de preservação rigorosa (GP-1). Edifício de elevado valor monumental.
A construção compreende, além da igreja, dois corpos laterais que abrigam atividades da Irmandade e que se separam da igreja por corredores longitudinais. O corredor esquerdo conduz a um pátio com chafariz, onde nasce larga escadaria de mármore que leva à sala dos Irmãos. As galerias cegas sobre os corredores laterais da nave, entre o térreo e o primeiro andar, são um resíduo dos trifórios das igrejas medievais. O teto da nave e da capela-mor são de J. Joaquim da Rocha (1772/73). Destaca-se ainda o retábulo do altar-mor de João Moreira do Espírito Santo (1765/73).
Como entalhadores, trabalharam no séc. XIX: Cândido Alves de Souza, Goldino Francisco Borges e Vitoriano dos Anjos (1834/35). Possui na ante-sacristia azulejos tipo "grinalda" (séc. XVIII), e na sacristia, azulejos de 1860. Na sacristia existe belo lavabo em mármore com bacia em concha. Dentre a imaginária, destaca-se: imagem de N.S. da Conceição, de Domingos Pereira Baião (1855).
Igreja pré-fabricada em Portugal, com caracteres da arquitetura do Alentejo, Ca 1750, sob a influência de Ludovice. O partido de três corpos separados por corredores fora adotado antes na igreja da Ordem 3ª. de S. Domingos (1731/37). Sua planta é de transição, apresentando capelas laterais, típicas do séc. XVII, e corredores com tribunas superpostas, do começo do séc. XVIII. A nave oitavada é uma transição entre a forma retangular seiscentista e a poligonal, frequente no séc. XVIII, provável influência das igrejas do Menino Deus de Lisboa (1741) e S. João Batista de C. Maior (1734). Smith vê na fachada do conjunto influência do P. de Mafra de Ludovice.
Esta tendência em direção ao neo-clássico é notada em outras igrejas que receberam componentes de Lisboa, como N. S. do Pilar e, ainda sem explicação, em Santana. Seu interior é a 1ª. demonstração completa do barroco de D. João V no Brasil. O altar-mor segue a linha de existente em Monte Serrat e influenciou o da S. C. de Misericórdia. O teto da nave obedece a concepção ilusionista barroca de origem italiana.

Fonte: Cd-room IPAC-BA: Inventário de proteção do acervo cultural da Bahia, Bahia, Secretaria de Cultura e Turismo

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