Liguei para um frigorífico que fornece mariscos e peixes em sistema de delivery, fiz uma encomenda pra o mês: Badejo, camarão, filé de tilápia, lambretas, siri catado e... Caranguejos. Mas, a encomenda só poderia ser enviada na sexta-feira, porque era quando chegavam os mariscos frescos. Tudo bem. Na sexta-feira chegou só à tarde, tudo certinho, mas havia um problema. Os caranguejos estavam vivos e eu na minha santa ignorância achei que viriam já tratados. Antigamente não seria problema, porque essa era a parte de Cris, porque eu não mato nem uma mosca. Mas, agora, com a deficiência visual, seria muito difícil pra ele limpar e matar os caranguejos. Fiquei ali, lembrando que aprendi a atirar com a espingarda de pressão dele, só pra poder matar baratas, como é que eu iria matar caranguejos. Falei com ele do meu problema e ele prontamente disse que limparia e mataria os bichinhos. Suspirei aliviada.
Mas, no dia seguinte, quando fui conferir os ditos cujos, dois haviam escapado do saco. Um estava morto no chão e o outro em posição de defesa num canto de parede. O dia estava nublado e a luz era insuficiente para Cris. Ele tomou café e depois, já com o dia mais claro, foi lá cuidar dos bichos. Mas ainda estava ruim pra ele. Ai, meu Deus! Eu tinha que ajudar. Ele me pediu que apenas segurasse o caranguejo contra o pé da parede, que ele, com um espeto, o mataria. Não deu certo. Mas o caranguejo grudou suas garras no espeto e eu o levantei e coloquei dentro da pia. Foi o mesmo com o outro e logo todos foram colocados dentro de uma bacia. Cris bem que tentou, mas não conseguiu ver o ponto certo de atingir o bicho que se debatia muito. Aí começou meu desespero. Fiquei nervosa, me arrepiando toda de estar tão perto daqueles bichos, mas tomei coragem e consegui segurar com um espeto e orientar a mão de Cris pra ele poder executar o bicho. Demorou, e só muitos arrepios e sustos depois, ele conseguiu matar todos.
NE: Agora estou gargalhando da situação que merecia ser filmada. Mas, ou eu filmava ou ajudava na tarefa.
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