Maurice
Lachâtre livreiro, estabelecido em Barcelona, solicitou a Kardec seus livros
para divulgá-los na Espanha e este prontamente atendeu ao seu pedido.
(...remeti-lhe
grande número de exemplares do O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns,
coleções da Revista Espírita e diversas obras e brochuras espíritas, formando
um total de 300 volumes.)
A expedição foi feita regularmente pelo seu correspondente de Paris, em
uma caixa, que continha outras mercadorias, e sem a menor infração dos
regulamentos alfandegários.
Antes da liberação dos
produtos para o livreiro Maurice Lachâtre seria necessário o despacho do bispo,
autoridade eclesiástica que, na Espanha, era responsável pela fiscalização dos
livros.
Por ordem dessa
autoridade religiosa, as obras foram apreendidas e ordenado a sua queima numa
grande fogueira em praça pública. 9 de outubro de 1861, foi o grande dia
estabelecido e esse episódio ficou conhecido como o “Auto-de-fé de Barcelona”.
A queima de livros não
pára por aí. O próprio Paracelso alquimista e médico suíço, considerado o pai
da medicina hermética, também queimou livros em praça pública. Uma certa feita
ele foi convidado a lecionar medicina na universidade de Basiléia. A notícia se
espalhou e com ela a corrida dos estudantes de todas as partes da Europa em
busca de seus ensinamentos.
Numa de suas “Aulas
Magnas” ele convidou não apenas os estudantes, mas o povo em geral e assim,
cercado por uma multidão, queimou em praça pública livros dos maiores mestres
da medicina como o grego Galeno, o árabe Avicena e o romano Celso. Isso quase
lhe custou um destino semelhante ao de Joana d`Arc.
Paracelso colheu o que
plantou. Mais tarde, foram queimadas mais de 200 de suas obras. Hoje, em decorrência
desse episódio, só nos restaram alguns exemplares.
Parece que a
humanidade aprende lentamente com seus próprios erros e até hoje as pessoas
continuam queimando livros e idéias só que de uma maneira diferente.
Hoje não se usa fogo
para queimar livros. Usa-se a rejeição obrigatória que é uma técnica moderna
para se aniquilar uma informação literária ou coibir um pensamento social ou
científico na sociedade.
É comum vermos líderes
profissionais arquitetando planos para neutralizar uma política benéfica entre
seus comandados porque isso não lhes trazem lucros.
É comum vermos
profissionais da informação e mídia, verdadeiros formadores de opiniões,
induzirem as pessoas a odiarem alguém ou uma certa idéia simplesmente porque alguém
lhe paga por esse trabalho sujo.
Alguns líderes
religiosos induzem nos fiéis idéias preconceituosas para serem usadas como lanças
flamejantes a queimar qualquer opção religiosa de um irmão seu. Essa é a moderna
queima de livros onde as tochas foram substituídas pelas palavras ígneas.
Sendo assim ficamos
divididos em três grupos; os incendiários
que criticam e incendeiam coisas que nem as conhecem, os agitadores que mudam constantemente de posição e os bombeiros da vida que nos fazem lembrar
a célebre fábula do beija-flor tentando apagar o incêndio da floresta
transportando gotas de água nas penas de suas asas.
Vida longa aos Beija-flores!
Conrado
Dantas
Nenhum comentário:
Postar um comentário