Foto ilustrativa |
A convite de um amigo fui visitar o Centro Espírita que o
mesmo freqüentava.
Era um grupo pequeno e eu, no meio de tantas cabeças
brancas, me sentia um visitante naquela cidade espiritual “Nosso Lar”. Era um grupo
com as mais variadas descendências familiares que se conheceu em época dos cabeças
negras.
O espiritismo pouco fascinou os que “nada buscam”, porém,
os que “muito almejam” são o orgulho e o farol da espiritualidade.
Pois bem, já se vão algumas primaveras desde o tempo em
que esses “cabeças brancas” resolveram se unir para estudar o espiritismo.
O “Centro Espírita” cresceu, ajudou a muita gente e até
tinha um “Grupo de Jovens” muito ativo. Era muita experiência usada sem fins
lucrativos.
Aquela noite estava sendo dedicada ao estudo do
Evangelho. Eu imaginei que iríamos ter um estudo diferente ornamentado pelas
belas experiências acumuladas nesses anos.
“Meu reino não é desse mundo”. Essas sonoras palavras do
líder do grupo ecoaram no ambiente. A idéia que me vinha à cabeça era que, a
qualquer momento, a porta ao lado ia se abrir e por ela entraria algumas
pessoas em busca desse reino ou do seu próprio Rei.
Isso não aconteceu. Os neófitos éramos nós mesmos. Alunos
da espiritualidade há mais de cinqüenta anos e recebendo os mesmos ensinamentos
espirituais como se fôssemos novatos procurando conhecer o espiritismo.
E o grupo de jovens representante desse centro? Já não
era mais jovem e só conseguia atrair apenas alguns netos dos “cabeças brancas” para
o labor diário.
Na parede, um calendário nos informava que há muito havíamos
entrado no terceiro milênio, mas ali, continuávamos a respirar os ares dos anos
cinqüenta.
Esse grupo “cabeça branca” sobreviveu às noites de boemia
do Rio vermelho e da Ribeira, sobreviveu ao Pau Elétrico de Dodô e Osmar, ao
Tropicalismo de Caetano, mas está tendo dificuldades de sobreviver à
modernidade cultural do terceiro milênio.
Não foi fácil para Kardec buscar palavras que não
ofuscasse o espiritismo nem o tornasse erudito.
Se os “Cabeças Brancas” quisessem sair de sua “zona de
conforto” poderiam resgatar seu “Apogeu” bastando para isso, diferenciar os
visitantes novatos dos veteranos. Os ensinamentos doutrinários seriam bem mais
atrativos e produtivos. Seria o retorno ao “El Dorado”.
O “Grupo de Jovens” também poderia ativar seu diferencial.
Porque não inserir em suas atividades, diálogos
interativos com os próprios habitantes da espiritualidade? Seria uma espécie de
“Mesa Redonda” com entrevistadores e entrevistado, perguntas sobre suas cidades,
sua fauna e flora, suas escolas, o último evento cultural que por lá aconteceu,
etc. Com certeza, esse foi um dos caminhos trilhados por Léon Dénizard.
A Internet poderia ser uma forte aliada na divulgação
desse trabalho.
Ainda bem que a maioria dos Espíritas foge à regra desses
“Cabeças Brancas”.
Conrado Dantas
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