sábado, 26 de janeiro de 2013

Uma boa desculpa



 Fui a uma festa de despedida de solteiro em uma chácara pertinho da cidade, onde meu amigo, o Garotinho estava dando uma festa. A galera tava toda lá. Muita cerveja, uísque, vinho. A noite prometia. Muitas gatinhas. Galera animada. Saí de lá nem sei que horas. Travado!
Voltando pela rodovia, avistei algo que se tornou o terror dos festeiros... uma blitz! Comecei a rezar para tudo quanto era Santo. Mas... fui sorteado. Quando parei, quase atropelei o guarda. Tava ruim. O guarda pediu para eu descer do carro. Quase não consegui. Aí o pesadelo aumentou. Ouvi o que qualquer bêbado teme:
- Vamos fazer o teste do bafômetro!
A cabeça girou a mil, e busquei no HD alguma saída dessas que só os bebums ou os folgados conseguem dar e, quase sempre, se safar. No trajeto até o carro da Polícia e enquanto o guarda preparava o equipamento, mil coisas passaram pela minha cabeça.
Lembrei daquele caso do cara que quando percebeu pelo retrovisor uma moto da polícia com o giroflex e a sirene ligados não teve dúvidas, enfiou o pé na tábua. Demorou um pouco, mas o policial o alcançou. E desceu do carro com a cara enfezada, aquele ar cansado e aborrecido, e foi dizendo:
- Eu tive um dia muito difícil. Se o senhor me der um motivo para estar correndo tanto, eu o deixo ir embora sem lhe multar ou lhe prender.
- É que minha mulher fugiu de casa na semana passada com um policial rodoviário. Quando vi sua moto pensei que era ele querendo me devolver ela.
- Tenha um bom dia. – Disse o policial liberando o cara.
Também me lembrei do bebum que andava pela rua na madrugada e topou com um policial que fazia a ronda noturna e que o abordou perguntando:
- Onde é que o senhor vai a uma hora dessas?
- Vou a uma conferencia sobre os malefícios que o consumo do álcool causa ao organismo humano e de como ele interfere nas relações familiares e no trabalho.
- É mesmo? E quem vai fazer essa brilhante palestra a uma hora dessas da madrugada?
- Minha mulher.
Ele também foi liberado. Daí, quando o guarda veio em minha direção com o bafômetro em punho, eu o interrompi e interroguei:
-Seu Guarda. O senhor é casado?
-Sou.
-Sua mulher é muito ciumenta?
- É.
- O que ela faria se o senhor chegasse em casa tarde, sem uma desculpa que a convencesse de que não estava na farra com outra mulher?
- Ela quebraria todos os objetos que encontrasse à mão jogando-os em mim, e creio que me deixaria.
- Pois é. A minha também é assim. Eu não estou bêbado não, mas saí tarde da casa da minha amante sem ter bebido nada. O jeito foi tomar uns quatro uísques num bar aqui perto e esperar que ela acredite que eu estava bebendo com alguns amigos.
Fui liberado e o policial ainda sorriu e me desejou boa sorte.

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