quarta-feira, 14 de agosto de 2019

Brasileiros criam cirurgia para reverter impotência sexual gratuitamente

A disfunção erétil (ou impotência sexual) impacta negativamente a autoestima de quem sofre com a condição. Ela é causada por diversos motivos, e um deles pode ser o câncer de próstata. Pensando nisso, o cirurgião plástico Fausto Viterbo e sua equipe criaram um novo procedimento cirúrgico capaz de devolver as ereções e a sensibilidade ao pênis.
Atualmente, 62 pacientes passaram pela cirurgia, sendo 60 do Brasil, um de Portugal e outro da Suíça. O procedimento alcançou reconhecimento internacional após ser publicado em uma revista médica de urologia no Reino Unido, a British Journal of Urology.

Cirurgia de disfunção erétil

No início, o foco eram pacientes com câncer, que passaram pela prostatectomia radical (retirada da próstata). Mas após o sucesso das primeiras operações, o método também pôde ser aplicado em quem estava com disfunção por conta de idade avançada, traumas na bacia e diabetes.
60% dos operados recuperaram as funções penianas de maneira completa, conseguindo voltar a ter relações sexuais com penetração. Já os outros 40% estão sentindo melhoras progressivas, com ereções constantes.

Como é o procedimento

Para reverter a disfunção erétil, os médicos retiram uma parte do nervo sural, que fica localizado na perna e é responsável pela sensibilidade do membro. Por ser longo (possui 37 cm), ele é comumente utilizado em enxertos.
Após a sua retirada, ele é usado como ponte entre o nervo femoral (que ativa movimentos corporais) e o corpo cavernoso do pênis. Quando os dois estão conectados (graças ao "gato" feito pelo nervo sural), o cérebro consegue enviar estímulos a glande novamente.
A única sequela deixada pelo procedimento é uma leve perda da sensibilidade na parte lateral do pé. Todo o processo dura aproximadamente cinco horas.
Isto só foi possível graças a uma característica de nossa mente: a plasticidade cerebral. "A plasticidade cerebral ocorre quando os neurônios responsáveis por uma área passam a assumir o controle de outras, sendo capazes até mesmo de interconectar funções mentais e associar atividades", explica Fausto.

Recuperação pós-cirúrgica

Após a operação, o paciente fica de 24 a 48 horas no hospital. No décimo quinta dia, ele já pode retirar os pontos, e caminhar normalmente, sem o risco de ter infecções.
Em dois meses, é possível notar os primeiros sinais de ereção, que acontecem principalmente no período noturno. É nesse momento que o indivíduo deve iniciar uma terapia sexual.
Segundo Fausto, assistir vídeos eróticos e se masturbar estimulam a libido, fazendo com que o cérebro envie estímulos ao pênis, o que acelera a recuperação completa.
Os resultados podem ser notados de forma expressiva após oito meses, quando é possível voltar a ter relações sexuais com penetração.
"Toda o processo é pouco invasivo. Como os nervos estão em uma camada superficial da pele, as cicatrizes são quase imperceptíveis. Os cortes também são pequenos", explica o cirurgião plástico.

Quem pode fazer?

Não há restrições quanto a idade, mas antes de realizar a cirurgia, é necessário passar por diversos exames pré-operatórios, como:
  • Exame de sangue
  • Exame de urina
  • Raio-x de tórax
  • Avaliação cardíaca
  • Verificação do fluxo arterial/venoso do pênis
  • Checagem de deformações no pênis.
Além disso, o interesse por sexo precisa ser grande. Se for apenas por pressão externa, e o paciente não estiver realmente interessado, os resultados não costumam ser bons.
"Além da cirurgia, deve existir um engajamento da pessoa em estimular suas funções sexuais por meio de terapia e fisioterapia. Sem um desejo forte, essa etapa fica enfraquecida e a recuperação fica prejudicada", explica Fausto.

Como o projeto nasceu

Em 1992, Fausto desenvolveu uma tese no fim de sua faculdade, após descobrir a neurorrafia terminolateral, que é uma forma de reutilizar nervos em outras partes do corpo, sem ocasionar lesões. Ela foi orientada pelo professor Trindade, que segundo o médico cirurgião, foi uma figura essencial para o avanço do projeto.
"O professor José Carlos Souza Trindade se tornou o coordenador da iniciativa. Ele nos ajuda a selecionar e convocar os pacientes, além de acompanhá-los no pós operatório. Hoje ele tem 83 anos, está aposentado desde os 70, mas continua trabalhando o dia inteiro para nos ajudar", revela o médico. Após os resultados, a equipe conseguiu autorização para operar mais homens.

Como faço para fazer a cirurgia

É possível realizar a cirurgia gratuitamente pela Unesp, entrando em contato diretamente com o Doutor Fausto Viterbo, ou com a secretária da faculdade de medicina de Botucatu. Também é possível agendar uma avaliação na clínica particular do cirurgião plástico.

De acordo com o médico, existem planos para levar o processo ao SUS.

Contatos para agendamento

Fausto Viterbo: [email protected]
Secretária da Unesp: [email protected]


Fonte: Minha Vida.com.br

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