A disfunção erétil (ou impotência sexual)
impacta negativamente a autoestima de quem sofre com a condição. Ela é
causada por diversos motivos, e um deles pode ser o câncer de próstata.
Pensando nisso, o cirurgião plástico Fausto Viterbo e sua equipe criaram
um novo procedimento cirúrgico capaz de devolver as ereções e a
sensibilidade ao pênis.
Atualmente, 62 pacientes passaram pela cirurgia,
sendo 60 do Brasil, um de Portugal e outro da Suíça. O procedimento
alcançou reconhecimento internacional após ser publicado em uma revista médica de urologia no Reino Unido, a British Journal of Urology.
Cirurgia de disfunção erétil
No início, o foco eram pacientes com câncer, que
passaram pela prostatectomia radical (retirada da próstata). Mas após o
sucesso das primeiras operações, o método também pôde ser aplicado em
quem estava com disfunção por conta de idade avançada, traumas na bacia e
diabetes.
60% dos operados recuperaram as funções penianas de
maneira completa, conseguindo voltar a ter relações sexuais com
penetração. Já os outros 40% estão sentindo melhoras progressivas, com
ereções constantes.
Como é o procedimento
Para reverter a disfunção erétil, os médicos
retiram uma parte do nervo sural, que fica localizado na perna e é
responsável pela sensibilidade do membro. Por ser longo (possui 37 cm),
ele é comumente utilizado em enxertos.
Após a sua retirada, ele é usado como ponte entre o
nervo femoral (que ativa movimentos corporais) e o corpo cavernoso do
pênis. Quando os dois estão conectados (graças ao "gato" feito pelo
nervo sural), o cérebro consegue enviar estímulos a glande novamente.
A única sequela deixada pelo procedimento é uma
leve perda da sensibilidade na parte lateral do pé. Todo o processo dura
aproximadamente cinco horas.
Isto só foi possível graças a uma característica de
nossa mente: a plasticidade cerebral. "A plasticidade cerebral ocorre
quando os neurônios responsáveis por uma área passam a assumir o
controle de outras, sendo capazes até mesmo de interconectar funções
mentais e associar atividades", explica Fausto.
Recuperação pós-cirúrgica
Após a operação, o paciente fica de 24 a 48 horas
no hospital. No décimo quinta dia, ele já pode retirar os pontos, e
caminhar normalmente, sem o risco de ter infecções.
Em dois meses, é possível notar os primeiros sinais
de ereção, que acontecem principalmente no período noturno. É nesse
momento que o indivíduo deve iniciar uma terapia sexual.
Segundo Fausto, assistir vídeos eróticos e se
masturbar estimulam a libido, fazendo com que o cérebro envie estímulos
ao pênis, o que acelera a recuperação completa.
Os resultados podem ser notados de forma expressiva
após oito meses, quando é possível voltar a ter relações sexuais com
penetração.
"Toda o processo é pouco invasivo. Como os nervos
estão em uma camada superficial da pele, as cicatrizes são quase
imperceptíveis. Os cortes também são pequenos", explica o cirurgião
plástico.
Quem pode fazer?
Não há restrições quanto a idade, mas antes de
realizar a cirurgia, é necessário passar por diversos exames
pré-operatórios, como:
- Exame de sangue
- Exame de urina
- Raio-x de tórax
- Avaliação cardíaca
- Verificação do fluxo arterial/venoso do pênis
- Checagem de deformações no pênis.
Além disso, o interesse por sexo precisa ser
grande. Se for apenas por pressão externa, e o paciente não estiver
realmente interessado, os resultados não costumam ser bons.
"Além da cirurgia, deve existir um engajamento da
pessoa em estimular suas funções sexuais por meio de terapia e
fisioterapia. Sem um desejo forte, essa etapa fica enfraquecida e a
recuperação fica prejudicada", explica Fausto.
Como o projeto nasceu
Em 1992, Fausto desenvolveu uma tese no fim de sua
faculdade, após descobrir a neurorrafia terminolateral, que é uma forma
de reutilizar nervos em outras partes do corpo, sem ocasionar lesões.
Ela foi orientada pelo professor Trindade, que segundo o médico
cirurgião, foi uma figura essencial para o avanço do projeto.
"O professor José Carlos Souza Trindade se tornou o
coordenador da iniciativa. Ele nos ajuda a selecionar e convocar os
pacientes, além de acompanhá-los no pós operatório. Hoje ele tem 83
anos, está aposentado desde os 70, mas continua trabalhando o dia
inteiro para nos ajudar", revela o médico. Após os resultados, a equipe
conseguiu autorização para operar mais homens.
Como faço para fazer a cirurgia
É possível realizar a cirurgia gratuitamente pela
Unesp, entrando em contato diretamente com o Doutor Fausto Viterbo, ou
com a secretária da faculdade de medicina de Botucatu. Também é possível
agendar uma avaliação na clínica particular do cirurgião plástico.
De acordo com o médico, existem planos para levar o processo ao SUS.
Contatos para agendamento
Fausto Viterbo: [email protected]
Secretária da Unesp: [email protected]
Fonte: Minha Vida.com.br
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