Uma “dor da alma” ou “estado de
espírito”. Essa é a percepção que muitos brasileiros ainda têm sobre a
depressão, uma doença psiquiátrica crônica ligada ao desequilíbrio de
substâncias no cérebro. Uma pesquisa nacional conduzida pelo Ibope revelou falta de informação e vergonha ao tratar do assunto, principalmente por parte da população mais jovem.
O estudo “Depressão, suicídio
e tabu no Brasil: um novo olhar sobre a Saúde Mental” trata de como as
pessoas enxergam a depressão no país. Um questionário online foi
aplicado em metrópoles de 6 estados e coletou informações de mais de
2.000 brasileiros a partir dos 13 anos de idade.
Quando questionados sobre o que é a
depressão, apenas 47% assinalaram que se trata de um transtorno mental.
As outras respostas classificavam a doença como um estado de espírito,
consequência de um momento difícil e até como uma “doença da alma”.
29% dos jovens entre 18 e 24 anos não
estão convencidos de que a depressão pode ser tratada como doença. Em
faixas etárias mais altas, o esclarecimento é maior: 81% dos
entrevistados maiores de 55 anos acreditam (com razão) que ela pode ser
tratada com ajuda médica.
Quanto mais novo é o indivíduo, maior é
a relutância em falar sobre o assunto. 39% dos adolescentes entre 13 e
17 anos revelaram que não se sentiriam confortáveis em conversar com a
família caso recebessem um diagnóstico de depressão. Quando se trata de
abordar o assunto na escola ou trabalho, o valor é ainda mais alto: 49%
das pessoas entre 13 e 17 anos e 56% dos entre 18 e 24 anos disseram que
não contariam aos colegas.
Os dados são contrários à concepção de
que pessoas mais velhas guardam mais tabu sobre o assunto. Em todas as
perguntas, as faixas etárias mais altas se mostraram mais bem
informadas. O público masculino
ainda é o que sustenta mais preconceito. 55% dos homens acreditam que
ter uma atitude positiva em relação à vida pode ser suficiente para
vencer a depressão. Além disso, um terço do público masculino acha que a
depressão pode ser apenas um sinal de fraqueza, falta força de vontade
ou pouca fé.
A pesquisa também revelou falta de
informação em relação aos tratamentos. Quando questionados sobre o que
fazer no caso de uma depressão severa, a ajuda psiquiátrica ficou em
terceiro lugar, atrás do psicólogo e ajuda de amigos. Metade das pessoas
também revela não conhecer bem a eficácia dos antidepressivos. A
pesquisa foi feita em parceria com o Centro de Valorização da Vida
(CVV), a Associação Brasileira de Familiares Amigos e Portadores de
Transtornos Afetivos (Abrata) o laboratório farmacêutico Pfizer – que
comercializa esse tipo de medicamento.
A desinformação e tabu em torno do tema se relacionam a outro dado: o aumento de suicídios no Brasil. Enquanto o número mundial diminuiu,
o Brasil foi na contramão: houve aumento de 24% na taxa de suicídio em
adolescentes entre 2006 e 2015 — e os números não param de subir.
90% dos casos de suicídio estão
relacionados a transtornos mentais, sendo a depressão o principal deles.
A cada 46 minutos, uma pessoa tira a própria vida no Brasil — sendo
essa a quarta maior causa de morte entre jovens. (Super Interessante)
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