O
presidente americano dá um ultimato ao nosso país: se não cessar o
"desmatamento destrutivo" em uma semana, os EUA iniciarão um bloqueio
naval ao Brasil e lançarão ataques aéreos para destruir infraestrutura
estratégica brasileira.
Curiosamente, a China, que se tornou
alvo de críticas e desconfiança por parte de integrantes do governo
Bolsonaro, é a maior potência a intervir a favor do Brasil. O gigante
asiático e maior parceiro comercial do Brasil diz que vetará qualquer
proposta de intervenção armada aprovada pelo Conselho de Segurança das
Nações Unidas.
Mas isso não detém os EUA, que dizem já contar com uma ampla
"coalizão de nações preocupadas", preparada para dar suporte às ações
lideradas pelo governo americano.
Claro que esse é um cenário inventado - e polêmico. Mas seria verossímil?
Ele
foi criado pelo professor de Relações Internacionais da Universidade de
Harvard Stephen M. Walt, num artigo publicado n segunda-feira (5) na
revista online Foreign Policy.
Walt, autor de livros sobre a
política externa americana, a força do lobby israelense nos EUA e as
ligações entre revoluções e guerras, e formulador da "teoria do
equilíbrio da ameaça", reconhece que se trata de um cenário exagerado.
Mas o objetivo central do artigo é questionar se é ou não possível
justificar com regras do Direito Internacional ataques e sanções ao
Brasil com base no argumento de que a destruição da Amazônia é um
problema de todos.
A pergunta que Walt faz é a seguinte: "Os
países tem o direito - ou até a obrigação - de intervir numa nação
estrangeira para preveni-la de causar dano irreversível e potencialmente
catastrófico ao meio ambiente?".
Governo Bolsonaro
O
professor americano diz, no artigo, que resolveu levantar esse
questionamento diante do fato de Jair Bolsonaro estar "acelerando o
desenvolvimento na Amazônia" e colocando em risco "um recurso global"
crucial.
Nas últimas semanas, alguns dos principais jornais e revistas internacionais publicaram reportagens com destaque negativo para o Brasil.
A
capa desta semana da revista britânica The Economist traz a imagem de
um toco de árvore com o forma
Já o americano Washington Post publicou nesta
segunda (5) um editorial dizendo que "a vontade de Bolsonaro de destruir
a Amazônia é um problema de todos". E o The New York Times publicou, no
dia 28 de julho, artigo com o seguinte título: "Sob líder de extrema
direita brasileiro, proteções à Amazônia são cortadas e florestas caem".
"Como vocês com mais apreço pela ciência que Bolsonaro sabem, a
floresta tropical é importante tanto na absorção de carbono quanto na
regulação da temperatura, além de ser fonte-chave de água fresca",
explica Stephen M. Walt, na Foreign Policy.
O professor de
Harvard lembra que cientistas apontam que o desmatamento da Amazônia
pode levar à criação de um deserto na região e reformula a frase sobre
as possibilidades de intervenção estrangeira no Brasil:
"O que a
comunidade internacional pode (ou deve) fazer para prevenir um
presidente brasileiro mal orientado (ou líderes políticos de outros
países) de adotar medidas que podem prejudicar a todos nós?"
Exceções à soberania
Walt
afirma que a soberania dos países é um elemento crítico do sistema
internacional. "Com algumas exceções, os governos são livres para fazer o
que quiserem dentro das suas fronteiras."
Entre as exceções,
estão casos em que o Conselho de Segurança da ONU autoriza intervenção
militar e em que um ataque é necessário para a "autodefesa" de uma
nação.
A possibilidade mais controversa, porém, se baseia na
chamada doutrina da "responsabilidade de proteger", que legitima uma
intervenção humanitária quando um governo é incapaz ou se nega a
proteger a própria população.
Mas Walt lembra que, por mais que existam essas possibilidades, a
grande maioria dos países resiste à tentação de intervir ou de admitir
qualquer interferência estrangeira em seus territórios.
"Embora a
destruição da Amazônia represente uma clara e evidente ameaça a vários
outros países, dizer ao Brasil para parar com isso e ameaçar intervir
para deter, punir ou prevenir isso, seria um jogo completamente novo",
afirma o professor de Harvard.
"E eu não pretendo só destacar o
Brasil. Também seria um passo radical ameaçar os EUA e a China se eles
se recusassem e emitir tantos gases poluentes." Click aqui e continue lendo no BBC News Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário