Depois de oito anos sendo 
reconstruída, a base científica brasileira localizada na Antártica foi 
reinaugurada hoje (15). A Estação Comandante Ferraz sofreu um incêndio 
em 2012, que matou dois militares e deixou 70% do local destruído. A 
reconstrução deveria ser feita em dois anos, mas só foi finalizada agora.
A base fica na Ilha do Rei 
George, uma pontinha da Antártica próxima ao sul do Chile. A inauguração
 estava prevista para ontem (14), mas as condições meteorológicas 
impediram o pouso do vice-presidente Hamilton Mourão, do ministro Marcos
 Pontes e de outros convidados que estavam previstos para a abertura.
A reinauguração da base representa um 
passo importante para a ciência brasileira. Ela é uma das maiores 
estações de pesquisa da Antártica. A Estação conta com 17 laboratórios 
para o estudo de várias áreas, como medicina, química, microbiologia, 
oceanografia e meteorologia. Mas afinal, por que é importante fazer pesquisa em um local tão remoto e diferente do Brasil?
A Antártica é interessante por suas 
condições climáticas bem particulares e extremas. Ela é o melhor lugar 
para se estudar o impacto das mudanças climáticas para o planeta. Por 
ter pouca interferência humana, é possível detectar o aumento da 
temperatura global, derretimento de geleiras e aumento do nível dos 
oceanos com mais precisão. Ela é considerada um “termômetro” do 
aquecimento global.
Isso afeta o Brasil diretamente. As 
mudanças climáticas atingem o não só a Amazônia, mas também as produções
 agrícolas do país. As pesquisas na Antártica permitem uma melhor 
previsão meteorológica, otimizando a produção e evitando desastres. Por
 estar próxima ao continente sul-americano, a Antártica influencia 
diretamente o clima brasileiro. A maior parte das frentes frias que 
chegam ao Brasil, por exemplo, vem de lá.
Mas os estudos não se limitam à área 
climática. Diversos pesquisadores se dedicam a estudar a flora e fauna 
características da Antártica. Os organismos descobertos lá podem ajudar 
no desenvolvimento de vacinas e outros medicamentos. Um exemplo são os 
penicílios, fungos produtores de penicilina. A Antártica está recheada 
deles. Com o crescimento das superbactérias, essas pesquisas são essenciais para a criação de novos antibióticos.
Esse é o foco da primeira pesquisa
 feita nos novos laboratórios da base, sobre fungos e plantas 
antárticas. Ela está sendo desenvolvida por Paulo Câmara, da 
Universidade de Brasília, e Luiz Rosa, da Universidade Federal de Minas 
Gerais. Apesar de fazer parte da Marinha Brasileira, a Estação recebe 
pesquisadores de diversas universidades e instituições de pesquisa do 
país.
Tudo isso faz parte do Programa
 Antártico Brasileiro (Proantar), responsável por coordenar a pesquisa 
no local. O programa existe desde 1982, mas a estação de pesquisa só foi
 inaugurada em 1984 e seguiu em operação até 2012.
No total, a nova base tem 4500 metros 
quadrados e capacidade para abrigar 65 pessoas. A estrutura é dividida 
em três blocos, que incluem desde o alojamento e lazer dos pesquisadores
 até garagem e máquinas que mantém o local aquecido. A maior parte da 
pesquisa acontece mesmo no bloco oeste, que abriga a maioria dos 
laboratórios.
A maior parte das pesquisas é feita no verão, quando as temperaturas são mais amenas (em torno de 5 ºC), pois isso facilita o estudo da biodiversidade e da vegetação locais.
Mesmo antes da reconstrução completa 
da base, os brasileiros continuaram fazendo pesquisa por lá. Parte dos 
estudos são realizados em navios e até em bases de outros países. O 
Brasil também manteve uma base provisória em funcionamento enquanto a 
obra não estava finalizada.(Super Interessante)

 
 
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