terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Qual a melhor religião? O que nos faz melhores?

O dia nacional de combate à intolerância religiosa é comemorado anualmente em 21 de janeiro.
Essa data serve para alertar as pessoas sobre o problema da intolerância gerado pela desrespeito às diversas crenças existentes no mundo. Diante disso, essa comemoração é considerada um marco pela luta ao respeito da diversidade religiosa, pois além de alertar para a discriminação no âmbito religioso, propõe a igualdade para professar as diferentes religiões.
Vale lembrar que o preconceito e a intolerância religiosa são considerados crimes no Brasil, passíveis de punição previstas no Código Penal. A data foi oficializada em 2007 através da Lei n.º 11.635, de 27 de dezembro, e a sua escolha feita em homenagem à Mãe Gilda, do terreiro Ilê Axé Abassá de Ogum, localizado em Salvador.
Para marcar a data,  transcrevemos aqui um texto de Astolfo O. de Oliveira Filho, publçicado no blog Espiritismo Século XXI.

 O que nos faz melhores?
 Autoproclamado Estado Islâmico, o grupo que aterrorizou parte da população no Iraque e na Síria não constituiu, obviamente, uma boa propaganda do Islã e da doutrina contida no Alcorão, fato que foi lembrado e lamentado com tristeza por líderes muçulmanos de várias partes do mundo.
Com efeito, sequestrar meninas e decapitar jornalistas não são procedimentos condizentes com a religião fundada por Maomé e se somam aos argumentos dos que pretendem que a violência é inerente ao islamismo, o que seguramente não é verdade.
Ressurge, a propósito do assunto, uma antiga questão relacionada à qualidade das religiões e sua eficácia junto aos seus adeptos. E daí, a pergunta inevitável: – Das religiões conhecidas qual é, afinal, a melhor?
O assunto não é estranho à obra de Allan Kardec, que dele tratou de forma objetiva no livro O que é o Espiritismo, na passagem adiante reproduzida em que Kardec dialoga com um Padre:
Padre. – Pois bem! Que dizem os Espíritos superiores a respeito da religião? Os bons nos devem aconselhar e guiar. Suponhamos que eu não tenha religião alguma e queira escolher uma; se eu lhes pedir para aconselharem-me se devo ser católico, protestante, anglicano, quaker, judeu, maometano ou mórmon, qual será a resposta deles?
A. K. – Há dois pontos a considerar nas religiões: os princípios gerais, comuns a todas, e os princípios particulares de cada uma delas. Os primeiros são os de que falamos há pouco; estes são proclamados por todos os Espíritos, qualquer que seja a sua classe. Quanto aos segundos, os Espíritos vulgares, sem ser maus, podem ter preferências, opiniões; podem preconizar esta ou aquela forma, animar certas práticas, seja por convicção pessoal, seja porque conservaram as ideias da vida terrena, seja por prudência, para não assustar as consciências timoratas. Acreditais, por exemplo, que um Espírito esclarecido, fosse mesmo Fénelon, dirigindo-se a um muçulmano, irá inabilmente dizer-lhe que Maomé é um impostor, e que ele será condenado se não se fizer cristão? Não o fará, porque seria repelido.
Em geral, os Espíritos superiores, se a isso não são solicitados por alguma consideração especial, não se preocupam com essas questões de minúcia, eles se limitam a dizer: Deus é bom e justo; não quer senão o bem; a melhor de todas as religiões é aquela que só ensina o que é conforme à bondade e justiça de Deus; que dá de Deus a maior e a mais sublime ideia e não O rebaixa emprestando-Lhe as fraquezas e as paixões da humanidade; que torna os homens bons e virtuosos e lhes ensina a amarem-se todos como irmãos; que condena todo mal feito ao próximo; que não autoriza a injustiça sob qualquer forma ou pretexto que seja; que nada prescreve de contrário às leis imutáveis da Natureza, porque Deus não se pode contradizer; aquela cujos ministros dão o melhor exemplo de bondade, caridade e moralidade; aquela que procura melhor combater o egoísmo e lisonjear menos o orgulho e a vaidade dos homens; aquela, finalmente, em nome da qual se comete menos mal, porque uma boa religião não pode servir de pretexto a nenhum mal; ela não lhe deve deixar porta alguma aberta, nem diretamente, nem por interpretação. Vede, julgai e escolhei. (O que é o Espiritismo, Terceiro Diálogo, O Padre.)
As ideias acima expostas pelo Codificador do Espiritismo são semelhantes, se não idênticas, às que o Dalai Lama expressou em um interessante diálogo com o conhecido teólogo Leonardo Boff, citado no livro Conselhos Espirituais, publicado por Verus Editora.
Segundo Leonardo Boff, no intervalo de uma mesa-redonda sobre religião e paz entre os povos, da qual ambos participavam, ele perguntou ao líder tibetano:
– Santidade, qual é a melhor religião?
O Dalai Lama fez uma pequena pausa, deu um sorriso, olhou-o bem nos olhos e afirmou:
— A melhor religião é aquela que te faz melhor.
Em face dessa assertiva tão clara, o teólogo perguntou:
— O que me faz melhor?
O Dalai Lama respondeu:
— Aquilo que te faz mais compassivo, aquilo que te faz mais sensível, mais desapegado, mais amoroso, mais humanitário, mais responsável... A religião que conseguir fazer isso de ti é a melhor religião...
Em face de ideias tão sábias, como seria bom que elas chegassem aos líderes do Estado Islâmico!
Certamente Maomé – onde quer que se encontre – ficaria feliz se tal acontecesse, e mais ainda se eles as ouvissem e adotassem.
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
De Londrina-PR

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