quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Espiritismo sem Espíritos



 Numa conversa informal com participantes de um “Grupo de Jovens” de um Centro Espírita alguns deixaram transparecer que, mesmo fazendo parte, há mais de 5 anos, das atividade grupais, nunca tiveram a oportunidade de uma conversa franca com algum habitante do mundo espiritual, ou seja, com espíritos. Nesse mesmo grupo, alguns tentaram justificar tal procedimento dizendo que “a fase dos fenômenos foi no início do espiritismo”. Isso significa que, agora, devemos apenas estudar e participar dos movimentos espíritas.
Um outro dia, revendo uma palestra, em vídeo, de Alamar Regis, algo me chamou atenção. Alamar conta que, numa reunião mediúnica onde Divaldo se fazia presente, alguém perguntou se seria possível uma mediúnica onde os participantes pudessem perguntar tudo que quisesse aos espíritos, sem nenhum arrodeio e sem formalidades religiosas. Segundo Alamar quem respondeu foi Joana de Angelis. “- era tudo que mais queríamos”. Se, é assim, porque muitos imaginam que conversar com algum ser espiritual é um fenômeno primitivo?
Uma conversa entre encarnado e desencarnado é o mesmo que dois encarnados conversando. Apenas, a pessoa em espírito, deixou de ter um corpo carnal. Uma pessoa desencarnada é uma criatura como qualquer um de nós, com sentimentos, costumes e cultura, adquiridos em encarnações anteriores. Isso não a torna santa nem demônio. Sendo assim, um diálogo com esses desencarnados, não pode ser considerado um fenômeno espírita.
A justificativa que esse procedimento pode atrair espíritos indesejados é falsa, pois a lei da atração só se aplica às coisas afins. Um ambiente de bom nível mental não se afina com um espírito desequilibrado, é o mesmo que uma pessoa suja e maltrapilha tentando passar uma tarde de lazer num shopping de luxo.
Muitas jovens estão em movimentos espíritas, há anos, e nunca tiveram contato, com esses vizinhos da espiritualidade. O mais interessante é que se, entre esse grupo, houver uma incorporação súbita ou algum jarro mudando de lugar como acontecia nas antigas mesas falantes, duvido que a porta desse ambiente seja larga o suficiente, para todos passarem em debanda pavorosa, sem se engalfinharem na arrancada.
É justamente por falta dessa interação amiga que muitos espíritos tiveram seus mandatos cassados. Alguns usaram a esperteza e trocaram seu nome tradicional por um título alemão, árabe ou coisa parecida, limitando-se apenas a fazer caridade a nível de saúde ou de carma, abrindo caminhos e garantindo prosperidade.
Fazer espiritismo, com espíritos, poderia ser encarado assim; - é receber, em nossa casa, alguém de um rincão distante, para uma conversa amiga.
Que um dia esses grupos de jovens possam estudar o espiritismo e tirar dúvidas com algum tutor, vizinho nosso, ou seja, com algum espírito conhecedor do assunto.

Conrado Dantas

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