Muito
se discute sobre a sobrevivência do jornal impresso na era dominada
pela internet. Há, inclusive, pesquisas que preveem quando será o seu
último dia de vida. Neste cenário, o papel do editor muda na esteira
dessas transformações, tanto em sua profissão, quanto nas relações
sociais.
Crédito:acervo pessoal
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Tema faz parte de sua tese de doutorado “O editor e seus labirintos: reflexos da crise de paradigmas do jornal impresso” |
O jornalista Renato Essenfelder, cronista do Estadão.com,
doutor em Ciências da Comunicação pela ECA/USP e professor de
jornalismo das universidades ESPM e Mackenzie, analisou o tema em sua
tese de doutorado “O editor e seus labirintos: reflexos da crise de
paradigmas do jornal impresso”.
Para Essenfelder, acabou a fase do
“jornal de registro”, que trazia tudo de relevante do dia anterior, e
passou para o tempo da “curadoria”, ou seja, necessidade de apontar para
o leitor, com contexto e análise, os temas mais relevantes. “Dessa
forma, o papel do editor também muda. Ele não é mais o clássico "gatekeeper",
o porteiro que determina quais histórias são e as que não são notícia, o
que é digno e o que é indigno de ganhar notoriedade. Algo disso
subsiste, sem dúvidas, mas pouco”, afirma.
Segundo o jornalista, a profusão de
mídias, a popularidade e capilaridade das redes sociais fazem com que
inúmeras histórias sejam publicamente debatidas, independentemente da
vontade do editor. “Então ele passa de porteiro a curador - o que,
conforme vejo, é uma promoção. Mas, como em toda promoção, o trabalho
fica mais complexo e delicado. É maior e mais angustiante”, completa.
Para desenvolver a pesquisa, o profissional realizou entrevistas com 11 editores ou diretores de quatro jornais de São Paulo: Folha de S.Paulo, O Estado de S. Paulo, Metro e Destak.
O resultado das opiniões converge no sentido de que este tipo trabalho
está mais complexo e acompanha a mudança de papel dos próprios jornais.
“É uma função que está mais importante e estratégica para as empresas
jornalísticas, porque é ele quem primeiro ajuda a delinear sentidos no
aparente caos informacional”.
Porém, embora o discurso das empresas
seja de que o profissional nunca foi tão importante, Essenfelder pontua
que ele se sente desprestigiado. Algumas das razões apontadas para esse
cenário são: sobrecarga de trabalho, pois com a internet é essencial
estar sintonizado e informado 24 horas por dia; condições de trabalho:
os planos de carreira são pouco claros ou defasados, com a constante
ameaça de cortes; trabalho mais complexo, mais difícil e exigente, sem
contrapartida salarial; maior exposição a críticas: o leitor agora
acessa fácil e rapidamente o editor e, por fim, os ecos da sociedade não
favoráveis a este cargo.
Leia a pesquisa completa acessando o link.
Matéria publicada no http://www.portalimprensa.com.br
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