Criaram
uma Comissão da Verdade para revolver os crimes cometidos pelo regime militar.
Os militares tomaram o poder no Brasil em 1964, e só em 1982 o País retornou ao
estado de direito, restaurando a democracia após 18 anos de ditadura. Já se
passaram mais de 30 anos desde então, ou seja, quase 50 anos destes eventos. Eu
entendo o trabalho da Comissão, se ela tem o objetivo de estabelecer a verdade
dos fatos para um registro fiel da história política do Brasil naqueles anos
difíceis. Mas não vejo porque tanto espaço na mídia, e o uso político que estão
fazendo destas informações.
Se
for para trazer ao cenário político os nomes dos que combateram a ditadura,
pode ser um tiro pela culatra, se alguém resolver mostrar quem foram os “baluartes
da liberdade” e o que eles fazem hoje em dia. A maioria está rica, quase nunca
por meios honestos, e muitos mudaram o discurso e até sonham em implantar uma
ditadura comunista no Brasil, o que, com certeza, será pior que a ditadura
militar. E já em fins dos anos 70, o poeta Ideval Miranda, eternizou em versos
essa realidade ainda incipiente: “A estudantada de 68, afazenderou-se”.
Eu
também fui um jovem sonhador como todos os meus amigos adolescentes daquela
época. Sempre tive ideais libertários (não por acaso meu lema é “Sempre
Livre”), e já aos 14 anos engrossava passeatas estudantis em Salvador. Como
professor e jornalista usei as armas que tinha à mão para lutar pela
restauração da democracia. Vi amigos espancados, presos, torturados e mortos pela
ditadura, ou simplesmente “desaparecidos” ou “suicidados”.
Tudo
aquilo foi muito triste, muito doloroso, como toda guerra o é. Mas se queremos
defender a nossa liberdade, temos que saber que há um preço a pagar. E é caro.
Porém, vencida uma batalha, só nos resta honrar os mortos e no prepararmos para
futuras batalhas, procurando não repetir os erros do passado. Para isso nos
vale a história, que precisa ser bem contada e registrada, e preservada através
de todos os meios disponíveis. Só para isso o passado serve.
Esta
semana li que os indígenas estão revoltados com os monumentos aos desbravadores
dos sertões brasileiros, que colonizaram o País através de grupamentos
conhecidos como “Entradas” e “Bandeiras”. “Estão homenageando aqueles que nos
massacraram”, reclamam. Se formos revolver o passado sobre estas questões não
vamos ter tempo para viver o presente. Era uma outra época, outras conjunturas,
outros costumes, e aos olhos dos colonos os líderes daquelas campanhas foram
heróis, e muitos deles caíram no campo de batalha, alguns mortos a flechadas, e
outros, com menos sorte, foram parar na panela de algum canibal.
Os
negros no Brasil, mais de 120 anos depois da Abolição da Escravatura, ainda não
se libertaram das algemas, na maioria das vezes impostas por eles mesmos, que
preferem lamentar ou retaliar os brancos com o mesmo preconceito com que foram
tratados no passado, em vez de lutar por melhores condições de vida no
presente.
Como
disse, o passado é bom para nos lembrar de não repetir erros, mas a vida mesmo,
é vivida no presente. Um dia de cada vez. Sem pressa.
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