
No Brasil, a
cada medalha meus instintos mais primitivos entram no tatame, embarcam na canoa
furada, dão piruetas nas argolas e atiram na hipocrisia narrativa. É só o
atleta faturar uma medalha e sua biografia começa a ser possuída por alguma
entidade dementadora, tal como naqueles livros do Harry Potter, alguma
narrativa social. É a judoca lésbica, ginasta racista, o boxeador arrodeado de
mulheres fortes, a nadadora negra, e por aí vai.
As notícias
seguem como pautas xerox. Não se fala da rotina de treinamento, do tempo
empregado na preparação, da técnica que resultou em vitória, do modelo que
selecionou os melhores, do projeto que resultou em sucesso e qual fracassou. De
quem treinou no exterior e quem treinou no Brasil, da importação de técnicos,
do espaço de treinamento. Ou porque 9 dos 11 medalhistas são militares. Qual
impacto e que diferença fez estarem inseridos nas Forças Armadas, por exemplo?
Enfim, não se
fala do que fez aquele atleta se tornar um vencedor, pois, este é o verdadeiro
diferencial e o retrato da atenção que o país dá ao esporte. Narrativas
sociais, apropriação indébita do atleta por causas, não dá medalha a nenhum
deles. Nem dará.
Câmaras vão encarar prefeitos com
a faca e o queijo na mão
Em decisão
apertada o STF aprovou que apenas as Câmaras de Vereadores podem decidir sobre
as contas dos prefeitos e não mais os Tribunais de Contas. Assim, prefeitos que
tenham suas contas reprovadas pelos Tribunais não ficarão mais inelegíveis como
vinha acontecendo.
Na prática,
trocando em miúdos e deixando de arrodeio foi um retrocesso porque esvaziou os
Tribunais do poder fiscalizatório e botou a faca e o queijo na mão dos
vereadores. A lei da Ficha Limpa, prezado pagador de impostos, começou a entrar
pelo cano exatamente no momento em que a Sociedade mais exige transparência.
Com a nova medida estima-se que 80% dos políticos que estavam inelegíveis
poderão voltar às tetas públicas.
Trocando em
miúdos: basta que a Câmara não se reúna e o parecer do TC
desaprovando as contas fica no limbo, sem valor. Assim, o encontro com a lei
vai sendo adiado e o prefeito vai poder continuar livre, leve e elegível.
Rico, recatado e na política. Alto lá, não será assim!, pode ser que
grite algum vereador, mas imagine uma bancada tradicionalmente produtora de
amém em um cidade pequena que ousadia terá de se reunir para tornar inelegível
o alcaide que garante sua reeleição? Ou numa cidade maior, imaginária, vai lá
que o prefeito lhe conceda 100, 200, cargos na estrutura municipal. Que
chance haverá de um prefeito se tornar inelegível?
A única
certeza, neste surto produzido pelo STF, é que manter certos
vereadores indispostos para esta reprovação vai custar muito
convencimento, por assim dizer.
Urbanismo
Não
se concebe que uma cidade não possua um robusto núcleo de arquitetura, que
intervenha em seu urbanismo, permanentemente, para além do seu
planejamento.
Os conceitos que permeiam uma cidade mais
confortável e acessível ao cidadão e ao transporte público em detrimento do
privado tem vasta literatura.
Sempre defendemos esta posição. Ao andarmos nas
ruas encontramos a cidade abarrotada de pequenos exemplos desta falta de atenção
que torna a vida do cidadão um permanente e irritante desconforto
cotidiano.
A
rotatividade de bordel no Ministério da Educação, o comprometimento ideológico
e a submissão à agenda sindical, têm sido fatores que comprometem o
desenvolvimento da educação, que segue obtendo péssimas avaliações nas
competições internacionais.
Da mesma
forma, a educação estadual e municipal, patinam, não conseguem se mover no
IDEB. Quando há investimento é sempre em estrutura física – importante, não se
nega -, mas sem corresponder a uma intervenção, ou peso, no professor, para
combate ao absenteísmo, a qualificação, a avaliação permanente de desempenho. É
mister ainda uma administração educacional capacitada, educação integral
verdadeira e não mera maquiagem escolar com abertura em dois turnos. Isto sem
falar no projeto pedagógico, no currículo nacional que modifique o perfil
acumulativo de informações, que tendem ao infinito e estão frequentemente
desconectadas da realidade. Precisamos, urgente, revermos nossa educação com um
projeto de prazos, modelos e metas definidas.
A
longevidade no poder oferece ao detentor a rara chance de planejar, executar e
colher resultados de seus projetos. Em compensação, seja o DEM em Feira, o PT,
na Bahia e no governo federal, ou o PSDB em São Paulo, estão todos sem qualquer
chance de justificativa ou desculpa para metas que não tenham sido alcançadas,
avanços que não tenham sido concretizados, problemas cuja resolução não tenha
sido sequer iniciada.
Lava-jato
O grupo da
operação que inclui o ágil e eficaz juiz Sérgio Moro construiu até agora o mais
significativo movimento de mudança que já vi no país. Condenando alguns dos
empresários mais ricos da nação - algo que nunca conseguimos imaginar - além de
políticos e outros agentes criminosos, eles impactam positivamente na população
e abrem caminho para uma revisão de nosso dilapidado conceito de moral e
ética.
Pequenos
enganos em ação de tamanho porte são inevitáveis. Mas o conjunto da obra é
majoritariamente espetacular. Toda a sociedade brasileira deve manter seu apoio
incondicional ao juiz, à Polícia Federal e ao Ministério Público.
Justiça pluripartidária
Com a citação
de doação de R$23 milhões a Serra e R$10 milhões ao PMDB de Temer, pela
Odebrecht; os US$34 milhões dados ao PSDB de São Paulo pela Alstom; as várias
citações a Aécio, entre muitos outros fatos, já passa da hora da PF e Justiça
investigarem o PSDB e outros partidos.
Não podemos
aceitar que a Justiça se comporte de forma diferente diante de cada partido,
pois ela precisa ser universal. Nem militante nem omissa.
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