Está definido: o julgamento final da
presidente afastada Dilma Rousseff começará às 9 horas do próximo dia 25. A
sessão já será aberta pelo presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowski, e
terá intervalos das 13 às 14 horas e depois das 18 às 19 horas. Porém,
como presidente do processo de impeachment, Lewandowski pode interromper
sempre que entender necessário.
Neste
dia, serão apresentadas as questões de ordem pela acusação, defesa ou
senadores. Cada um poderá falar por cinco minutos. As questões serão decididas
por Lewandowski.
Nos
dias 26 e 27, respectivamente sexta e sábado, haverá audição de testemunhas. Já
29 será o grande dia, com o “gran finale” : é a segunda fase. Dilma vai ao
Senado e falará por 30 minutos, podendo ter seu tempo prorrogado pelo
presidente do STF, a seu critério. Em seguida, os senadores, acusação e defesa
poderão fazer perguntas. Cada um poderá falar por cinco minutos. Mas ela tem
direito a ficar calada, embora já tenha dito que responderá.
Eis
aí, caros leitores, o quadro perfeito da sua programação televisiva
pós-Olimpíada. Em vez de atletas, medalhas, pódio etc., voltaremos a ver na telinha
parlamentares, mais especificamente senadores, fazendo todo o possível para
aparecer o máximo possível, o que é muito importante para eles, notadamente em
tempo de campanha eleitoral, pois com isso alguns podem ganhar mais força na
defesa de seus candidatos municipais.
Tido
como certo, o afastamento definitivo de Dilma vem esquentando a cabeça de
políticos em todos os níveis, inclusive dos seus partidos. Quem é da dita
esquerda e defende a presidente, certamente tenderá a radicalizar ainda mais no
discurso, visando reforçar (ou até mesmo conquistar) mais eleitores para
outubro. No entanto, é bom lembrar a esse pessoal que diante de alguns
desdobramentos recentes, nos quais o PT, quase que oficialmente, isolou-se de
Dilma e põe nos seus ombros a culpa de tudo do que vem sendo acusado o partido
e sua cúpula, e do próprio “mea culpa” da presidente, é provável que nos meios
petistas e ditos de esquerda de um modo geral a tendência a radicalizar a favor
de Dilma tenha arrefecido um bocado, após aquele triste espetáculo da Câmara.
Vem
daí, provavelmente, a dúvida sheakesperiana de muitos que até pouco tempo
defendiam a presidente com unhas e dentes: ser ou não ser a favor dela.
Do
lado das oposições, é um prato feito para verberar contra Dilma e o PT,
acredita-se que com um pouco mais de compostura do que foi visto naquela
célebre sessão da Câmara, onde muitos vomitaram impropérios quase impublicáveis
contra os petistas, alguns babaram microfones com urros pró-Dilma e houve até
cusparada, naquele festival de ruídos e fluidos humanos.
Não
sou marqueteiro político, mas pelo pouco que já vi nesses 40 anos de
jornalismo, suponho que os senadores devem ir com cuidado. Sim, porque da
sessão da Câmara até os dias atuais, muita água enlameada rolou sob a ponte e
não são poucas as figuras de destaque do Senado que foram arranhadas com
acusações de corrupção, de recebimento de propinas tais e quais àquelas que,
segundo investigações, o PT teria recebido.
Assim,
creio que o telespectador estará bastante dividido. Haverá, claro, a claque dos
pró-Dilma, radicais, cegos diante de evidências, assim como a plateia que quer
que ela saia de vez para abrir espaço para que as oposições se consolidem no
poder, pelo qual certamente se engalfinharão em futuro muito próximo. Mas com certeza
deverá existir uma ampla maioria desconfiada, com o saco cheio de discursos
vazios e demagógicos, que visam tão somente a ganhar o máximo de tempo na TV, saturada
também de ver os mesmos fazendo as mesmas coisas e dizendo que estão “mudando”
a política e coisas que tais.
Enfim,
será um grande “show” com a maior parte dos seus protagonistas, seja de que
lado for, vista com absoluta desconfiança pela opinião pública.
Portanto,
é conveniente que os senhores parlamentares – toda vez que uso esse termo
lembro-me de uma piada corrente lá pelos anos 1980, que dizia: você sabe o que
é um parlamentável? São dois deputados juntos – tenha parcimônia e, mais
do que isso, elegância e um mínimo de ética nas suas interferências.
Vamos
esquecer homenagens às famílias e muito menos, jamais, voltar a louvar
torturadores. Vamos questionar, repito, de forma civilizada. E guardar a saliva
unicamente para lubrificar as palavras. E seja o que Lewandowski quiser...
P.S. – Não posso
deixar passar esta: toda vez que ouço notícias sobre a prevaricação sexual do
pastor Marco Feliciano, recordo-me de uma célebre frase de Pitigrilli: “Deem-me
mil moralistas e abrirei um bordel.” Hehehe...
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