quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Quem é responsável pelo sucesso de Ronaldo?

A Tribuna Feirense publica uma matéria sobre as quatro últimas eleições de Feira de Santana mostrando que em todo este período a vitória de Ronaldo foi por mais de 60% dos votos válidos, sempre em primeiro turno, mesmo quando ele não foi o candidato.  
Apesar do governo do estado ter sido assumido pelo PT e convivido com todo sucesso de Lula a situação não mudou. Outras lideranças também não conseguiram construir uma oposição com possibilidade real de vitória, ou melhor, sequer de segundo turno, sendo que algumas preferiram, ou foram convencidas, a aderir ao governo. 
Cabe então a pergunta: a razão deste sucesso de Ronaldo é fruto apenas de sua bailidade

Não cala a boca não, Léo Pinheiro
Segue sem justificativas a decisão de Rodrigo Janot, da Procuradoria Geral  da República(PGR)  de suspender a delação de Léo Pinheiro, da OAS. Foi a primeira vez que isto aconteceu na Lava-Jato. Segundo ele.  foi pelo vazamento da informação que Dias Tofolli, do STF, citado por Léo, foi parar na capa da Veja. Embora Janot tenha dito que o anexo não havia chegado a PGR, foi desmentido pela Veja. A decisão trouxe a pergunta mais intrigante: quem vazou a delação? A maior suspeita, até o momento, é que tenha sido a própria PGR, o que é negado por Janot, embora também não tenha investigado a origem do vazamento, nem tenha cancelado nenhuma delação  anterior por este motivo. O que fez esta ser diferente? 
A decisão colocou em guerra franca o Supremo e a Procuradoria Geral. O Ministro Gilmar Mendes, sempre bem informado,  disparou o maior petardo já visto recentemente ao acusar os procuradores da Lava-Jato e dizer que "o cemitério está cheio destes heróis",  em tom acima do esperado. E que os procuradores "calçem as sandálias da humildade". Seria de estranhar disparo táo agressivo se Gilmar não tivesse certeza do alvo e dos fatos, o que reforça a tese da PGR como autora do vazamento. Por outro lado ele quer que a delação seja aceita o que refuta a tese que Janot fez isso por pressão corporativista do STF. 
O silêncio de Janot, que fala, fala,  mas não explica, leva a se pensar em várias hipóteses: seria vingança contra Toffoli por ter liberado o ex-Ministro Paulo Bernardo, acusado pela PGR? Favorecimento a Lula com o silêncio de Léo? Exclusão da OAS para favorecer a delação da Odebrecht? Todas as anteriores? 
Seja qual for a resposta, o que se deixa antever é que há razões pouco transparentes nas ações da Justiça; que os Procuradores, incluindo Janot, pelo belo trabalho da Lava-Jato, podem achar que são os salvadores da pátria e ficarem tentados a fazer justiça com as próprias mãos, e, ao arrepio da lei;  que a Sociedade brasileira anda saturada do jogo dos bastidores, de mentiras,  e exigindo não ser manipulada, nem ludribiada.
O silêncio da OAS só favorece os bandidos das mais diversas estirpes. Como ele pode ir a um juiz e fazer a delação a gente só pode pedir: não cala a boca não, Léo Pinheiro. 

Pesquisa para prefeito de Feira: surpresa sim, surpresa não
A pesquisa Tv Subaé /Ibope confirmou favoritismo de Ronaldo, o que não é surpresa; e mostrou rejeições inesperadas, o que é novidade
          O Ibope e a TV Subaé divulgaram a primeira de três pesquisas eleitorais. O favoritismo de Ronaldo- bola mais que cantada- foi confirmado. Alguns dados chamaram atenção quando comparados a eleição de 2012. Naquele ano o Ibope também fez três pesquisas eleitorais em Feira, como mostramos a seguir:
                    Ronaldo          Neto       Jhonatas       Tarcisio
1ª                 76%                   8%             1%              3%
2ª                 63%                  16%            3%              8%
3ª                 65%                  18%            5%               4%
Rejeição      11%                    34%            25%            53%
Eleição        66%                   18,5%         9,2%           6,1%

Na primeira pesquisa de 2016 a largada está assim:
                        Ronaldo     Neto    Jhonatas    Ângelo    Jairo   Leonardo      
     Intenção           64%      14%      8%            1%           1%       1%
     Rejeição          16%       42%     17%          16%          21%     15%
 Avaliação do governo Ronaldo:
    Ótimo – 58%         Regular   30%      Ruim/péssimo   12%
           Os dados de intenção de voto mostram Ronaldo estacionado no mesmo patamar com que ganhou a eleição, sugerindo que a batalha das trincheiras e o IPTU não impactaram em seu governo, negativamente, embora, também, não haja um crescimento eleitoral percentual.  Naquela eleição houve uma queda de 11% entre a primeira e última pesquisa, mas isto não significa que o fato pode se repetir.  Jhonatas era uma novidade, abocanhou parte dos descontentes e ficou em 9,2% dos votos, praticamente seu ponto de partida atual.   Neto, que acabou com 18%, não cresceu nestes quatro anos, apesar do apoio do Estado, talvez pelo desgaste do partido. Os demais, Ângelo, Jairo, Leonardo, não eram candidatos em 2012.
          O aspecto mais interessante da pesquisa vem no quesito rejeição. Enquanto Ronaldo, mesmo após 16 anos no poder, teve crescimento de apenas 5%%, menos do que se esperava pelos comentários  na cidade, Neto, saltou de 34% para 42%. Ninguém pode ter esperança eleitoral com uma rejeição deste tamanho.
         A gigantesca surpresa vem, no entanto, com a rejeição dos demais: Jhonatas, Leonardo e Ângelo ao redor dos 15% e Jairo com 21%. Impressiona que mesmo os que estão militando na política, continuamente, como Ângelo e Jhonatas, têm a mesma rejeição que um desconhecido, Leonardo, que tem 1% de intenção de voto, e, menor que outro que há anos não milita em Feira, portanto desconhecido do eleitorado mais novo, como Jairo, que chegou a 21%. Vale ressaltar que a rejeição de Jhonatas caiu de 25% para 17%. A explicação, claro, é que na rejeição é possível votar em mais de um o que universalizou a média, mas, também, sugere que esta média de rejeição para os candidatos da oposição não é real, nem igual, pelo menos para parte deles.   A forma da pergunta acaba induzindo este resultado.
          Considerando-se que apenas 12% dos entrevistados acham o governo Ronaldo péssimo e que 24% têm intenção de votar na esquerda mais radical (Neto, Jhonatas e Leonardo), voto historicamente imutável, significa que metade destes eleitores, apesar de votar na oposição, não acha o governo Ronaldo péssimo. É muito singular.
          Ao juntarmos os 58% de ótimo com 6% dos 30% que acham regular chegaremos a margem de Ronaldo de 64% de intenção de voto. O 36% restante estaria disposto a votar na oposição, anular, ou votar em branco, o que dá a eleição em primeiro turno a Ronaldo.

          A pesquisa não publicou a lista de bairros e há dados do questionário com interessantes perguntas que não estão disponíveis. Ela foi feita em período similar em 2012, ano no qual tivemos maior tempo de campanha. É o retrato eleitoral do momento e se alguém tiver dados diferentes é hora de botar as cartas na mesa.  Não custa lembrar que o Ibope, apesar de errar muito na Bahia e outros lugares, acertou em cheio a eleição de Ronaldo em 2012.

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