terça-feira, 9 de agosto de 2016

Quatro maneiras de usar a vitória de Rafaela Silva para confirmar o que você já pensa

A trajetória épica da judoca Rafaela Silva, das favelas do Rio de Janeiro à consagração olímpica em sua cidade natal, forneceu ao Brasil um cardápio de interpretações, para todo tipo de gosto político e ideológico.
A negra humilde que sofreu e venceu o racismo. A sargento que provou o valor da disciplina militar. A beneficiária de apoio estatal que atesta o poder dos programas sociais. A mulher obstinada que não precisou do feminismo ou de cotas em seu caminho de superação individual.
Nas últimas 24 horas, todas essas Rafaelas povoaram timelines e reportagens no Brasil e no exterior.
O fenômeno chamou a atenção do cientista político e editor Cesar Benjamim, que o descreveu numa publicação no Facebook:
"Um amigo posta que ela venceu o racismo brasileiro. Outro destaca que ela integra as Forças Armadas, a reserva moral da nação. Um terceiro lembra que ela é da Cidade de Deus, uma região do Rio de Janeiro que os coxinhas não frequentam. Vem mais um e ficamos sabendo que ela não precisou de cotas", escreveu.
Para Benjamim, todas essas pessoas se valeram da conquista da judoca para "reafirmar ideias gerais, preconcebidas".  "A vitória de Rafaela reafirma tudo o que cada um já pensava sobre o mundo. Fortalecem-se pontos de vista contraditórios, até mesmo antagônicos, que nada têm a ver com uma simples vitória numa competição esportiva", concluiu.
O menu variado de interpretações parece remeter a um ingrediente conhecido da psicologia humana: o viés de confirmação. Grosso modo, trata-se da tendência que temos de, uma vez adotada uma convicção ou crença, buscar apenas exemplos que a confirmem.  Click no link e leia mais no BBCBrasil 


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