
Fácil entender a proliferação, pois,
como disse o próprio ex-ministro Mercadante, ao assumir, o MEC: estamos
fechando o balcão de negócios. Dizem, que há políticos que receberam bastante
dinheiro para conseguir autorização, mostrando que nossa miséria moral é
ilimitada.
A realidade é que não temos professores
capacitados para atender esta explosão de vagas - não basta ser médico, para
ensinar-; não temos uma rede pública com tamanho e resolutividade adequada para
ensinar com qualidade, tamanha demanda; não temos uma política de estado,
efetiva, para inserção do aluno na rede, que acaba recebido como um alienígena,
nas migalhas de espaço concedido; nem uma política séria, continuada, de
avaliação de funcionamento.
O governo optou, agora, por uma prova,
que, talvez, se torne obrigatória e pré-requisito para exercer atividade.
Mantendo-se a média de São Paulo estaremos diante de outro absurdo que é o
elevadíssimo custo de formar um médico, para, em seguida, deixá-lo fora do
mercado, quando deveria fazer-se as intervenções, precocemente.
Para aumentar vagas (que até acho
correto, em parte) o governo deveria ter aberto algumas faculdades e ampliado e
qualificado as unidades existentes- por exemplo, a UEFS- concluindo o
ambulatório, fornecendo professor, equipando laboratórios, dividindo o
gigantesco Departamento de Saúde, para melhor administração, e criando o
Hospital Universitário, outra, de nossas insanas lutas.
No exame do CREMESP a reprovação entre
as escolas públicas foi menor que nas privadas, mas subiu de 26,4% para 37,8%.
Entre as privadas, subiu de 58,8% para 66,3%. Preocupante retrato, este.
Exercia o cargo de Coordenador do
Colegiado de Medicina quando o curso de Feira foi reconhecido; fui parecerista
para o MEC do Curso de Conquista; e, ao final do ano passado, do curso de
Jequié. Além disso, Coordeno a Residência de Clínica Médica, do HGCA- estivemos
na sua criação há mais de 25 anos- , e que, agora, está sendo esvaziada pelo
governo. Na próxima semana estarei ministrando o XVIII Curso para
Desenvolvimento de Professores em Currículos Inovadores, na UEFS, com o
objetivo de ampliar o domínio pedagógico dos docentes. Conheço, portanto, a
realidade de ensino em cada uma destas instâncias, as limitações e
possibilidades.
A realidade mostrada pelo CREMESP é
assustadora, mas é,na média, verdadeira e retrata a necessidade de colocar um
freio na autorização para novas escolas e a criação de uma séria politica de
funcionamento para as existentes, pois o produto que entregamos a sociedade
precisa ser, como sempre digo aos meus alunos: maximamente eficiente e
minimamente invasivo a integridade física, econômica e afetiva do paciente.
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