Magalhães
Pinto, politico mineiro, cunhou uma das frases mais citadas da política ao
definir sua volatilidade: Política é como nuvem. Você olha e ela está de um
jeito. Olha de novo e ela já mudou. Aqui na Bahia, a frase se confirmou.
Ao final da reeleição de Neto, para prefeitura de Salvador, ele era pule
de dez como candidato a governador, virtualmente eleito. Aí, surgiu o fator
Otto, o velho carlista de quatro costados que não teve pudor em aderir ao PT,
de Wagner - à época, acossado por uma CPI da Ebal, onde, supostamente,
havia um protegido seu, que o deputado Neto brandia aos quatro ventos- e que
resultou em nada.
Dentro do
governo, Otto tratou de dar corpo ao seu partido e se tornou - habilidoso que
é- líder de um significativo lote de prefeitos, aliás, o que mais cresceu na
eleição. Resultado desta força foram os espaços que ganhou no governo Rui
Costa- que deve, tola ilusão, tentar mantê-lo atrelado ao seu projeto de
reeleição- e a implacável derrota de Nilo, o pequeno, pois, o grande, fica no
Egito.
Mobília
irremovível da Assembleia, Nilo, tentava emplacar mais um mandato -o
sexto-, cantou vitória e viu-se obrigado a renunciar a candidatura em uma casa
que considerava extensão de seu mandato. E, por um deputado- Coronel-,
que não lhe derrotaria por conta própria. A lição é sábia: mais do que o
poder, o que atrai os políticos é a perspectiva do poder. Otto tem.
Aliás, Coronel, já deu uma emparedada no Executivo dizendo que se os
deputados não forem bem tratados ele para a Casa.
A verdade é,
neste momento, a nuvem é bastante favorável a Otto. Não tem dificuldade
de construir apoio, ou apoiar, qualquer dos lados, afinal, sempre compactuou
com as duas margens; o seu partido está crescendo, enquanto o partido do
governador está definhando; e, ACM Neto, é jovem o bastante para saber que
tempo não lhe falta. Dos três, embora tenha o poder, onde há menos perspectiva
de futuro é, exatamente, no governador. E, olha que ainda temos a Lava-Jato nos
calcanhares de Lula e outros graduados do partido, inclusive, do próprio.
É certo que a
máquina governamental nunca pode ser desprezada, mas os tempos estão bicudos. A
mudança do jogo, é verdade, deu vida nova a Ronaldo, que estava meio
encarcerado na nuvem passada. Com sua sorte, habitual, Geddel desceu a ladeira
das delações premiadas e o grupo de Otto botou em campo a musculatura que tem.
Assim, o passe do prefeito, passou a ser valorizado para compor uma chapa
alternativa, aliás, botando pressão em Neto, que não tinha muito opção de encaixá-lo
na principal. Não é a toa que, ultimamente, Ronaldo vem tentando dar
visibilidade estadual ao seu mandato, antes, confinado na Contorno.
O crescimento
do Senador, evidentemente, deu-se, porque, além da experiência, Otto contou com
o espaço vazio dos adversários e o beneplácito, ou omissão, do governador,
afinal, em política, onde tem vaga, alguém ocupa. E ninguém enxergou que Otto
estava comendo beiradas. Agora, o angu terá mais gente disputando-o.
As
nuvens mostram três grupos capazes da disputa da governadoria da Bahia. Resta
esperar a direção em que os diversos ventos vão soprar.
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