quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

O fator Otto e a sucessão estadual.



Magalhães Pinto, politico mineiro, cunhou uma das frases mais citadas da política ao definir sua volatilidade: Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou. Aqui na Bahia, a frase se confirmou.  Ao final da reeleição de Neto, para prefeitura de Salvador, ele era pule de dez como candidato a governador, virtualmente eleito. Aí, surgiu o fator Otto, o velho carlista de quatro costados que não teve pudor em aderir ao PT, de Wagner - à época, acossado por uma CPI da Ebal, onde, supostamente, havia um protegido seu, que o deputado Neto brandia aos quatro ventos- e que resultou em nada.

Dentro do governo, Otto tratou de dar corpo ao seu partido e se tornou - habilidoso que é- líder de um significativo lote de prefeitos, aliás, o que mais cresceu na eleição. Resultado desta força foram os espaços que ganhou no governo Rui Costa- que deve, tola ilusão, tentar mantê-lo atrelado ao seu projeto de reeleição- e a implacável derrota de Nilo, o pequeno, pois, o grande, fica no Egito.
 

Mobília irremovível da Assembleia, Nilo, tentava emplacar mais um mandato  -o sexto-, cantou vitória e viu-se obrigado a renunciar a candidatura em uma casa que considerava extensão de seu mandato. E, por um deputado- Coronel-,  que não lhe derrotaria por conta própria. A lição é sábia: mais do que o poder, o que atrai os políticos é a perspectiva do poder.  Otto tem.  Aliás, Coronel, já deu uma emparedada no Executivo dizendo que se os deputados não forem bem tratados ele para a Casa.

A verdade é, neste momento, a nuvem é bastante favorável a Otto.  Não tem dificuldade de construir apoio, ou apoiar, qualquer dos lados, afinal, sempre compactuou com as duas margens; o seu partido está crescendo, enquanto o partido do governador está definhando; e, ACM Neto, é jovem o bastante para saber que tempo não lhe falta. Dos três, embora tenha o poder, onde há menos perspectiva de futuro é, exatamente, no governador. E, olha que ainda temos a Lava-Jato nos calcanhares de Lula e outros graduados do partido, inclusive, do próprio. 

É certo que a máquina governamental nunca pode ser desprezada, mas os tempos estão bicudos. A mudança do jogo, é verdade, deu vida nova a Ronaldo, que estava meio encarcerado na nuvem passada. Com sua sorte, habitual, Geddel desceu a ladeira das delações premiadas e o grupo de Otto botou em campo a musculatura que tem. Assim, o passe do prefeito, passou a ser valorizado para compor uma chapa alternativa, aliás, botando pressão em Neto, que não tinha muito opção de encaixá-lo na principal. Não é a toa que, ultimamente, Ronaldo vem tentando dar visibilidade estadual ao seu mandato, antes, confinado na Contorno. 

O crescimento do Senador, evidentemente, deu-se, porque, além da experiência, Otto contou com o espaço vazio dos adversários e o beneplácito, ou omissão, do governador, afinal, em política, onde tem vaga, alguém ocupa. E ninguém enxergou que Otto estava comendo beiradas. Agora, o angu terá mais gente disputando-o. 


            As nuvens mostram três grupos capazes da disputa da governadoria da Bahia. Resta esperar a direção em que os diversos ventos vão soprar.

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