quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

De presídios e insegurança pública

O caos absoluto na (in) segurança pública no Brasil ficou mais evidente nas últimas semanas, diante da explosão ocorrida nos presídios, comandados, literalmente, por facções criminosas.
No entanto, do lado de fora das cadeias, a situação já fora evidenciada há pelo menos duas décadas, quando o domínio do crime organizado entranhou-se e espalhou-se por todo o País, inclusive, e principalmente, atingindo as outrora pacíficas pequenas cidades do interior.
O clamor por medidas legais que garantam uma verdadeira punição (e não tortura) para os infratores vem de muito tempo. Não é de agora que se roga àqueles que elegemos (lá eles, porque eu não voto jamais!) mudanças no obsoleto Código Penal, bem como ações verdadeiramente efetivas para combater o crime a partir da sua raiz, utilizando a inteligência, e não a guerrilha entre PM e marginais, que sempre acaba com milhares de mortos, mas logo substituídos por outros milhares dispostos a morrer.

Nunca o parlamento, e muito menos os governantes, em todos os níveis, se preocuparam em tornar minimamente séria a lei e sua punição neste país. Nem mesmo o Judiciário, que jamais resolveu o problema de presos não julgados e de concessões absurdas a infratores que entram numa delegacia agora e horas depois estão soltos.
O resultado, além do inferno medieval nos presídios, é o que se vê nas ruas, todos os dias. Seja em Salvador, Natal, Porto Alegre, Rio de Janeiro ou São Paulo, inclusive, repito, nas outrora pacíficas cidades interioranas, o que se vê é um desafio escancarado do crime à lei, às autoridades.
Os bandidos decidem e, pronto: Natal, a capital do Rio Grande do Norte, fica sem transporte coletivo. Em Salvador, até anteontem, pelo menos três bairros, sob o domínio da criminalidade, estava também com o serviço de transporte público comprometido.
No Rio de Janeiro, nos últimos meses, várias pessoas, inclusive turistas estrangeiros, foram assassinadas por errarem o caminho e entrarem em território da bandidagem.
Em Belém, por sua vez, numa prova de que a violência no Brasil é uma situação absolutamente sem controle, e que a militarização do conflito não funciona, pois alimenta apenas uma guerra civil, 36 pessoas foram assassinadas em pouco mais de 24 horas devido à morte de um policial militar, conforme deduz o próprio governo paraense.
Não estou aqui, nem de longe, a desmerecer o trabalho da PM, muito perigoso e que tem provocado lamentáveis vítimas fatais na corporação. Gostaria, apenas, que aqueles que ainda pensam (existem?), raciocinam, nesta sociedade que apodreceu de vez, considerem que a forma de combater (sic) o crime no Brasil está totalmente equivocada.
Temos que ter, sim, rondas da polícia, vigilância, mas não se pode transformar isso numa guerra que já se provou inútil, com dezenas de milhares de assassinados, incluindo muitíssimos inocentes e até crianças, mortos pelos bandidos ou pela própria Polícia.
Francamente, não acredito no ser humano e, portanto, não creio que nada será encarado com um mínimo de racionalidade e, mais que isso, responsabilidade para com a sociedade, até porque não são poucos os membros desta sociedade que apoiam a matança mútua, achando que isso (lêdo engano!), vai “acabar” com a violência.
Quanto aos que legislam e julgam, paira no ar a eterna suspeita de que alguns, sem agravar a maioria, ou têm medo de que uma lei mais severa um dia se volte contra eles, ou, não quero nem pensar, estaria a soldo do próprio crime. Crendeuspai!

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