domingo, 5 de fevereiro de 2017

A família é o pior dos modelos

Não é o desamparo que educa, nem estabelece valores como solidariedade, pertencença, compromisso, lealdade, dever, ética, responsabilidade. Ao contrário, sempre foi o bando - apesar de seus problemas- que nos salvou e nos trouxe proteção, cuidado, permanência. Como queremos,  cada vez mais, nos desobrigar de tudo, nos afastarmos de decisões e responsabilidades, para nos dedicarmos ao eu hedonista e individualista, precisamos combater a força conservadora e exigente que é a família, afinal, ausente ela, teremos o território livre para o eu, centro, do ponto de vista; e, consequentemente, o Estado guia, do ponto de vista político. 
 
Como diz Dostoiévski em seu brilhante Irmãos karamazov: se Deus não existe, tudo é permitido. Como a religião - ao menos no Ocidente- já não é motivadora ou moduladora do sentido da vida, assim como a luta pela existência, a cultura, ou o patriotismo, estamos presos somente aos fiapos das ligações- ainda que perigosas- familiares. Ausente ela, tudo é permitido, ou, tudo, se torna liberdade e descompromisso.
 
Daí, o violento e persistente discurso contra seus valores e resiliência e as tentativas de encarcerá-la dentro de conceitos que a reduzem e de desvalorizá-la culturalmente como um comportamento, ou agrupamento,  ultrapassado; ou de mantê-la sob ataque com o obejetivo de luindo, continuamente - ainda que lento-, os pilares de sua sustentação.
 
Este é, em verdade,  um processo de autodestruição, pois, parafraseando o estimado Churchill digo que a família é a pior dos modelos humanos. Depois de todos os outros.

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