Não é o desamparo que educa, nem estabelece valores como
solidariedade, pertencença, compromisso, lealdade, dever, ética,
responsabilidade. Ao contrário, sempre foi o bando - apesar de seus
problemas- que nos salvou e nos trouxe proteção, cuidado, permanência.
Como queremos, cada vez mais, nos desobrigar de tudo, nos afastarmos de
decisões e responsabilidades, para nos dedicarmos ao eu hedonista e
individualista, precisamos combater a força conservadora e exigente que é
a família, afinal, ausente ela, teremos o território livre para o eu,
centro, do ponto de vista; e, consequentemente, o Estado guia, do ponto
de vista político.
Como diz Dostoiévski em seu brilhante Irmãos karamazov: se
Deus não existe, tudo é permitido. Como a religião - ao menos no
Ocidente- já não é motivadora ou moduladora do sentido da vida, assim
como a luta pela existência, a cultura, ou o patriotismo, estamos presos
somente aos fiapos das ligações- ainda que perigosas- familiares.
Ausente ela, tudo é permitido, ou, tudo, se torna liberdade e
descompromisso.
Daí, o violento e persistente discurso contra seus valores e
resiliência e as tentativas de encarcerá-la dentro de conceitos que a
reduzem e de desvalorizá-la culturalmente como um comportamento, ou
agrupamento, ultrapassado; ou de mantê-la sob ataque com o obejetivo de
luindo, continuamente - ainda que lento-, os pilares de sua
sustentação.
Este é, em verdade, um processo de autodestruição, pois,
parafraseando o estimado Churchill digo que a família é a pior dos
modelos humanos. Depois de todos os outros.
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