terça-feira, 23 de outubro de 2012

Justiça seja feita



Ouvi um colega radialista fazer, no ar, algumas afirmações sobre o ex-provedor da Santa Casa de Misericórdia, Dr. José Mendes Neto e, confesso, fiquei surpreso. Não sei se por desinformação, amizade ou causa própria, o colega cometeu alguns equívocos. O primeiro deles foi afirmar que muito do avanço tecnológico que o Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA) experimenta hoje, que o colocou na era da Alta Complexidade, se deve a esforços do ex-provedor. É um grande equívoco.
         Posso afirmar isso porque tenho conhecimento de causa. Quando tomei conhecimento que o deputado Milton Barbosa, desconhecido em Feira de Santana, estaria doando toda a sua verba de subvenção social (cinco milhões) à Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana, eu me questionei: Por que diabos este deputado está doando tanto dinheiro para uma instituição com a qual ele não tem nenhuma afinidade, em um município que ele sequer conhece ou é conhecido?
         Quando procurei saber do então provedor, Dr. José Mendes Neto, ele me disse que o deputado doara muito mais. E me levou a ver num prédio em frente ao HDPA, diversos caixotes onde, segundo ele, estavam equipamentos de ponta adquiridos com as verbas do deputado, e que muito mais estariam chegando. À bem da verdade, apenas o equipamento de hemodinâmica está instalado e funcionando no setor de cardiologia, e também leitos de UTI.
         O aparelho da Tomografia Computadorizada está funcionando, mas quando foi adquirido já era ultrapassado. A empresa fabricante já fechou, a Phillips assumiu, e já comunicou que não haverá mais peças de reposição. O Hospital terá que adquirir outro. Os demais equipamentos adquiridos não foram instalados e outros foram devolvidos porque eram obsoletos, de má qualidade ou simplesmente não foi efetuado o pagamento pela aquisição dos mesmos. Aliás, é válido lembrar que a atual administração do setor de Cardiologia, construiu e equipou com o que há de mais moderno o Centro Cirúrgico.
         Outro equívoco cometido pelo colega foi a afirmação de que o ex-provedor contribuiu para que o HDPA tivesse hoje um serviço de Radioterapia, dando início à construção do “bunker” que abriga o acelerador linear. Não é verdade. O prédio da Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacom) foi totalmente construído pela Santa Casa de Misericórdia em parceria com o consórcio de clínicas que tratam de pacientes com câncer, e que hoje administra a Unacom. A construção do “bunker”, anexo ao prédio da Unacom, foi realizada como contrapartida da Santa Casa à doação do acelerador, por parte do Ministério da Saúde, e teve um custo de cerca de R$ 2 milhões. O projeto da obra, inclusive, prevê a construção de mais um “bunker”, o que deverá acontecer no ano que vem, pois o Ministério vai contemplar o HDPA com mais um aparelho de radioterapia. O ex-provedor nada teve a ver com isso.
         Por fim ele declarou que o ex-provedor é um injustiçado. Nisso, concordamos, porque até hoje a Justiça ainda não o acionou por conta do afundamento da Santa Casa numa dívida de quase R$ 8 milhões, pelo não pagamento de cerca dez meses de salários dos servidores do HDPA, por dívidas não pagas a fornecedores e ao governo federal, inclusive com sumiço de documentos comprobatórios da existência destas dívidas, o que dificulta o pagamento das mesmas. Por conta disso, a Santa Casa se encontra impedida de receber verbas federais. Estas informações podem ser confirmadas pela diretoria da Santa Casa de Misericórdia de Feira de Santana.
         Realmente, justiça precisa ser feita ao ex-provedor e seus assessores.

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