Qual a origem do beijo na boca?
Historiadores não identificam
uma data exata. No entanto, as primeiras referências remetem a 2.500
a.C.: as carícias aparecem em colagens nas paredes dos tempos de
Khajuraho, na Índia. Mas o beijo na boca nem sempre foi uma forma de
demonstrar carinho. O ato teve muitos significados durante a História e
ainda hoje é encarado de diferentes maneiras em cada sociedade. Do
antigo beijo grego ao beijo-axila, conheça a História do beijo.
Beijo grego e persa
Na Antiguidade, os homens persas do mesmo nível hierárquico trocavam
beijos na boca em sinal de respeito. Caso um dos homens fosse de um
nível inferior, deveria beijar o rosto do outro. Na Grécia Antiga, por
volta de 300 a.C., o hierarquia também determinava onde beijar. A quem
fosse da mesma classe, era permitido trocar um beijo no rosto ou na
boca; agora, quem fosse considerado inferior deveria se contentar com um
beijo no rosto. Outra curiosidade: para homenagear os deuses, os gregos
passavam as pontas dos dedos na boca e tocavam em obras de arte. Era
uma demonstração de respeito e amizade aos deuses.
Súdito, só se beijar o pé…
Na Roma Antiga, a ordem social também estabelecia as carícias trocadas. Existia o beijo basium, dado na boca entre conhecidos; o osculum, entre amigos íntimos; o suavium, entre
amantes. Lá, quem era nobre influente tinha permissão para beijar os
lábios dos imperadores; agora, quem tinha menos poder só tinha farol
verde para beijos nas mãos. Quem era súdito, então, deveria se ajoelhar e
dar uma bitoca no pé do Imperador.
Beijo na Renascença
Na Inglaterra da Renascença, a população já era beijoqueira. Quem ia
visitar um conhecido deveria, em sinal de respeito, beijar o anfitrião,
sua esposa, filhos e até os bichos de estimação. Todos na boca! Mas nem
sempre os ingleses foram tão liberais. No século 15, o rei Henrique VI,
para evitar a proliferação de doenças, proibiu que os ingleses se
beijassem. Mais tarde, no século 17, Oliver Cromwell proibiu a troca de
beijo aos domingos. Quem desrespeitasse a lei poderia até ser preso.
Beijo brasileiro do século 18
Por aqui, o beijo já passou bem longe da boca. No século 18, para
demonstrar afeto, bastava dar um beliscão no companheiro. Alguns
historiadores relacionam o gesto ao “namoro camponês”, importado de
Portugal. Lá, beliscões e outros gestos como pisadas no pé e mútuos
estalos de dedos representavam os desafios da vida rural.
Beijo de esquimó
Na língua dos esquimós, a palavra “beijar” é sinônima de “cheirar”.
Por isso que, na hora de dar um “beijo de esquimó”, esfregam-se os
narizes. Lindo, não fosse piegas… Por aqui, “cheirar” também pode ser
sinônimo de “beijar”, afinal, quem nunca ouviu alguém do Nordeste
brasileiro mandar um cheiro?
Vai um beijo na axila?
Mesmo hoje, o beijo tem diferentes significados. Na África do Sul,
por exemplo, trocar saliva é um ato repulsivo para a tribo dos thonga
(lá, a boca é encarada como a fonte da vida e o dono deve ter cuidado
para não a contaminar). Nas Ilhas Trobriand, no Pacífico Sul, rola o
contrário: antropólogos já observaram que a população passava horas se
beijando (e dando umas mordidinhas no parceiro!). Ficou impressionado?
Então, prepare-se: se você fosse de uma tribo da Nova Guiné, ao invés de
dar um beijo de despedida, teria que dar uma passadinha de mão na axila
do companheiro e, depois, esfregar o cheiro dele no seu próprio corpo.
Você encararia?
E o beijo de língua?
Ao que parece, o beijo em que as língua se entrelaçam é francês e a
expressão surgiu em cerca de 1920. Mas os franceses são assumiram a
invenção. Por lá, o beijo francês – ou de língua – é conhecido como
beijo inglês. Vai entender…
Para saber mais
“História íntima do beijo”, de Julie Enfield (Editora Matrix)
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