domingo, 21 de outubro de 2012

Quem matou Vencerlêncio?



No melhor estilo “Quem Matou Odete Reutman”, a TV Globo exibiu na sexta-feira passada (19) o capítulo final de mais uma novela, deixando hipnotizada em frente às telas de TV a grande maioria da população brasileira, que alcançou picos de audiência antes nunca vistos. Houve até receio de apagão devido ao imenso gasto de energia gerado pela quantidade de aparelhos ligados. As ruas estavam desertas como em dia de Brasil na final da Copa do Mundo de Futebol, outro ópio largamente consumido pela população brasileira.
         Todas as noites são mais ou menos iguais. Os que trabalham retornam às suas casas, ou vão a algum bar ou restaurante, onde há sempre um aparelho de TV ligado exibindo um telejornal ou uma novela, prejudicando as relações familiares e até mesmo aquela boa e velha conversa de botequim. Cansadas, vivendo aquela sensação de impotência para mudar o estado de coisas, para mudar até mesmo o rumo de suas vidas, as pessoas se entregam às fantasias, passando a vivenciar as mentiras de obras de ficção do que a realidade, esquecendo-se das questões políticas e financeiras que abalam o País.
         “Pão e circo”. Era a fórmula dos romanos para afastar o povo dos problemas do estado, deixando a pista livre para as negociatas dos governantes em eterna luta pelo poder. Se tem pão (comida) e circo (diversão), o populacho não se importa com nada mais, deixando a política para os políticos e sendo por eles governados e manipulados. Mas isso era em Roma. Porque aqui nós temos que dar um duro desgraçado pelo pão de cada dia, e o nosso circo é de quinta categoria.
         As desculpas para o marasmo, para a paralisia cerebral, que impede até os jovens, sempre tão ativos, de se mobilizarem em torno de questões de suma importância para suas vidas, para suas comunidades, para o País, são várias. “Não tem jeito. Deixa como está”.  “Não sou a palmatória do mundo”. “Não quero me envolver”. E por aí vai. Como se a vida real pouco importasse. Como se os fatos reais do dia a dia não alterassem em nada as nossas vidas. E tudo que acontece só acontecesse com “os outros”.
         Aí eu me lembro da história do ratinho que contou aos bichos da fazenda que o fazendeiro havia comprado uma ratoeira. Ninguém se importou com isso. Mas no dia que a ratoeira disparou em uma cobra e essa picou a mulher do fazendeiro, ele teve que gastar muito para salvar a mulher. Matou galinhas para fazer canja para a mulher, matou porcos e cerneiros, para alimentar visitas e vendeu gado para o abatedouro para fazer frente às despesas com hospital, médicos e medicamentos. Ou seja. Em comunidade, o problema de um, afeta a todos.
         Alguém aí sabe quem matou Vencerlêncio e suas duas filhas? Ou quem matou o professor universitário na véspera em que ele iria denunciar desvio de verbas na UEFS?  Tancredo Neves morreu ou foi assassinado? Lula é ou não culpado pelo esquema do “mensalão”? Quem são os pistoleiros em motocicletas que estão matando tanta gente em Feira de Santana? E por que?
         Essas sim. São questões da vida real, que nos afetam diretamente. É para enfrentar problemas assim que temos que nos mobilizar e concentrar esforços para resolver. Quem acha que não, que a fantasia dá mais resultados que a vida real, que vá investigar sobre quem matou Odete Reutman. E seja feliz. Se puder.

7 comentários:

Assim Caminha a Humanidade disse...

Lúcido e pertinente vosso comentário.
Abraços

Unknown disse...

Queria saber a data,caso do Vencerlencio, obrigado

JOS81 disse...

Esse caso Vencerlêncio de 1987, morto com as filhas no anel de contorno e o carro foi queimado com todos dentro. Uma barbárie que não era comum naqueles tempos. Me lembro de na escola, ter tido ponto facultativo e ter ocorrido uma das primeiras carreatas da paz, com pombos brancos, flores e tudo em Feira de Santana. Até hoje não se sabe os crápulas que mataram covardemente a família. Triste.

Unknown disse...

Sim

Unknown disse...

Qual o mês e data

Unknown disse...

Caso vecerlencio. 22/11/987

Unknown disse...

*22 de outubro de 1987. 34 anos.