
Único jornal diário da cidade, na época, o
Folha do Norte, todas as tardes levava aos seus leitores as mais recentes
notícias. Uma faina muito grande para a equipe, levando-se em conta as
condições de trabalho, comparando-se às atuais, no quesito tecnologia.
Da redação, onde as máquinas de
datilografia soavam como metralhadoras, saiam os textos que eram rebatidos em
máquinas elétricas (composers), depois seguiam para os diagramadores que,
usando a régua de pica (pronuncia-se paica), definiam os espaços das matérias.
Depois a colagem das matérias, títulos com “letra sete” e revisão final.
As páginas eram levadas para o fotolito,
transformadas em chapas, e introduzidas na máquina “off set”. Por último a
dobragem e a distribuição para bancas e assinantes, o que era feito por uma
equipe de garotos.
Naquela tarde, no arquivo fotográfico,
dois estudantes que viriam a se destacar no jornalismo, o saudoso Claudio
Boaventura, e o hoje internacional Valter Xeu, mergulhados em um monte de
fotos, procuravam uma de algum craque da seleção brasileira.
Não perceberam a entrada silenciosa do Dr.
Hugo Navarro, diretor do jornal, que questionou: “O que está havendo?” E Valter
Xeu: “Doutor, nós estamos procurando a foto de um jogador da seleção, de um
craque”. E depois de rápido silêncio: ” Olhe aqui meu filho, esta fotografia
está muito boa, a qualidade é ótima”. Claudio. para mostrar seu reconhecimento disse:
“Veja só, estamos aqui há mais de uma hora (exagero) e o Dr. Hugo chega e achou
a foto de imediato, beleza! Cadê a foto doutor?”
E o Dr. Hugo, com a sua natural fleuma,
passa a fotografia para Valter Xeu que, estupefato, observa: “Mas doutor, esta
foto é do goleiro do Fluminense de Feira, nada tem a ver com a seleção”! E o
saudoso advogado e jornalista, sem se abalar, responde: “Escreva aí meu filho,
na legenda: Este nunca chegará à seleção brasileira!”.
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