domingo, 26 de julho de 2020

Goleiro do Flu na seleção brasileira?


Único jornal diário da cidade, na época, o Folha do Norte, todas as tardes levava aos seus leitores as mais recentes notícias. Uma faina muito grande para a equipe, levando-se em conta as condições de trabalho, comparando-se às atuais, no quesito tecnologia.  
Da redação, onde as máquinas de datilografia soavam como metralhadoras, saiam os textos que eram rebatidos em máquinas elétricas (composers), depois seguiam para os diagramadores que, usando a régua de pica (pronuncia-se paica), definiam os espaços das matérias. Depois a colagem das matérias, títulos com “letra sete” e  revisão final.

As páginas eram levadas para o fotolito, transformadas em chapas, e introduzidas na máquina “off set”. Por último a dobragem e a distribuição para bancas e assinantes, o que era feito por uma equipe de garotos.
Naquela tarde, no arquivo fotográfico, dois estudantes que viriam a se destacar no jornalismo, o saudoso Claudio Boaventura, e o hoje internacional Valter Xeu, mergulhados em um monte de fotos, procuravam uma de algum craque da seleção  brasileira.
Não perceberam a entrada silenciosa do Dr. Hugo Navarro, diretor do jornal, que questionou: “O que está havendo?” E Valter Xeu: “Doutor, nós estamos procurando a foto de um jogador da seleção, de um craque”. E depois de rápido silêncio: ” Olhe aqui meu filho, esta fotografia está muito boa, a qualidade é ótima”. Claudio. para mostrar seu reconhecimento disse: “Veja só, estamos aqui há mais de uma hora (exagero) e o Dr. Hugo chega e achou a foto de imediato, beleza! Cadê a foto doutor?”
E o Dr. Hugo, com a sua natural fleuma, passa a fotografia para Valter Xeu que, estupefato, observa: “Mas doutor, esta foto é do goleiro do Fluminense de Feira, nada tem a ver com a seleção”! E o saudoso advogado e jornalista, sem se abalar, responde: “Escreva aí meu filho, na legenda: Este nunca chegará à seleção brasileira!”.

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