domingo, 20 de dezembro de 2020

Histórias da Princesa

 Hoje, continuando com a nossa série de matérias sobre a História e as Estórias de Feira de Santana, vamos contar um  pouco sobre a

 História do jornalismo feirense


          Os primeiros jornais apareceram no século XVII em países como a França, a Inglaterra e outros do território europeu e, como um rastilho de pólvora, a comunicação escrita logo estaria em toda parte. No município de Feira Santana, o primeiro impresso foi lançado em 1862 sob a epígrafe de Jornal Feirense, ou O Feirense, tendo como proprietário Américo de Amorim Pedreira. Um ano depois era a vez de O Nacional (1863), o segundo jornal de Feira de Santana.

         Embora sejam escassos os registros, até mesmo por parte dos mais renomados pesquisadores locais, sabem-se que foram várias publicações que sucederam a esses dois impressos, quase todas elas, quando nada até bem pouco tempo, com a mera intenção de defender e expandir bandeiras político-partidárias. No final do século XIX, a pequena Feira de Santana viu surgir e desaparecer um sem-número de publicações, notabilizando-se, dentre essas: O Propulsor e o Progresso. A política partidária, com as suas divisões ideológicas, ganhava força na sociedade feirense e fragilizado tornava-se o grupo que não tivesse o seu próprio instrumento para expor suas ideias, defender-se e atacar, quando  necessário, o que era feito através de impressos, até porque o rádio e a televisão ainda não haviam surgido.

         Em 1909 Tito Ruy Bacelar, ao lado dos irmãos Arnold e Dálvaro Ferreira Silva, fundou o Jornal Folha do Norte, cuja primeira edição circulou no dia 17 de setembro daquele ano. Nos anos 30 falecia Tito Ruy Bacelar, que foi intendente municipal (prefeito), e como dele não houvesse herdeiros, tampouco surgisse alguém que se interessasse o jornal foi levado a hasta pública pelo Judiciário. O jornal Folha do Norte foi arrematado pelos irmãos Arnold e Dálvaro Ferreira da Silva. O primeiro além de rico comerciante, era um homem de grande visão, que vislumbrava carreira política, como ocorreu, com êxito, sendo vereador, prefeito, deputado constituinte.

Na época o jornal era feito por pessoas da sociedade a exemplo de João Vital, Arnold Ferreira da Silva (considerado uma excelente “pena”), que escrevia muito bem, o professor Antônio Garcia, o poeta Aloisio Rezende, o escritor Clovis Amorim, Juarez Bahia e outros que foram chegando. O jornalismo ainda não era uma profissão, caráter que a atividade só iria ganhar muito tempo depois, mas os articulistas da época eram respeitados pela qualidade dos seus textos. Depois da Folha do Norte, hoje com 111 anos, considerado o mais antigo jornal da Bahia em circulação, outros foram fundados: O Autônomo (1909), O Proscênio e O Republicano (1912), O Feirense (1919), Jornal do Povo (1924), Correio Feirense (1943), Diário da Feira  (1958), este, como o próprio nome diz, com circulação diária, embora por um período curto, e mais tantos outros.

Dentre os jornais surgidos no século passado, um teve marcante presença na vida da cidade, o Feira Hoje, que surgiu em 1970, como semanário, formato tabloide, tendo como principais responsáveis Dímpino Carvalho, Raimundo Gama, Egberto Costa e Helder Alencar. Em 1979 o jornal Feira Hoje foi transformado em diário e assim permaneceu até novembro de 1997, quando foi extinto. Na época, já com outra direção, depois de passar pelos empresários Alfredo e Carlos Falcão, e José Olímpio Mascarenhas, estava nas mãos do deputado Pedro Irujo, e contando com um moderníssimo parque gráfico, com impressão em policromia. Atualmente são quatro os jornais da cidade de circulação regular: Folha do Norte (1909), Folha do Estado (1997), Noite & Dia (1998) Tribuna Feirense (1999), além de periódicos.

         Dentre os impressos em circulação no município a Folha do Norte ocupa uma posição de destaque pela sua longevidade. Foi, durante muito tempo, um jornal de linha política e enfrentou, em combate direto, outros impressos que surgiram e desapareceram, fazendo-lhe oposição. Em 1976, tornou-se o primeiro jornal do interior da Bahia a utilizar o sistema offset com a aquisição de impressora Abdick 380, até hoje em funcionamento. A modernização possibilitou um importante avanço a esse jornal que foi transformado em diário, assim permanecendo por uma década, quando voltou a circular semanalmente, o que foi feito até pouco tempo, e hoje circula mensalmente e mantem uma edição virtual sempre atualizada. Um detalhe importante em relação à Folha do Norte, hoje sob direção dos herdeiros de Hugo Navarro da Silva.

 

Colaboração de Zadir Marques Porto, jornalista, radialista e editor do Jornal Folha do Norte

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