domingo, 13 de dezembro de 2020

PROSPECÇÃO FINAL


“Seu Melque”, como por todos era tratado  o conceituado fazendeiro Malquisedeke Aguiar, já havia ultrapassado a curva dos 60 e seguia firme na  quilometragem, de olho no seu gado nelore,  nas suas fazendas e na mulherada da região. Era casado, mas “não era capado”, gostava de dizer e isso até mesmo “na cara” de dona Zulu, (Zulmira), sua digna esposa, que nessas horas pensava até em não mais entrar em campo, perdendo por WO, e voltar para a casa dos seus velhos pais. Mas a essa altura do certame, já com seus 53 anos, iria cair para a terceira ou quarta divisão, como no futebol, e olhe lá!

Dessa vez Melque se metera com uma bonita morena, uma “menina” de seus 25 ou 26 anos de  idade já bastante frequentada, mas de uma “ inocência” encantadora. “Melque eu gosto de você, mas sou uma moça de família, você e casado, se me quiser mesmo deixe sua  mulher” parlamentava a morena todas a vezes  que ele tentava iniciar sua prospecção.

E  Melque se sentia tentado a mandar sua companheira  de tantos anos passear, mas logo vinha o sentimento de culpa, lembrando dela de véu e grinalda, e ai amofinava. Dona Zulu por sua vez se sentia culpada, nunca dera um filho ao fazendeiro. Não podia engravidar e achava que esse era o problema do casal.  Com essas dúvidas o tempo ia passando e exigia uma solução. Foi então que Melque resolveu: iria fundo na sua intimidade com a bela  morena e se ela fosse realmente o que dizia “dispensaria” Zulu.

Elegante e perfumado pegou a potente caminhonete e partiu  para o encontro fatal. Com a morena ao lado, no banco dianteiro  procurou um local aprazível para namorar.  Bem instalados foi reto na sua conversa. Embora pesaroso, estava disposto a deixar dona Zulu, mas tinha uma contrapartida, faria uma prospecção apurada. Ela relutou, mas ele foi inflexível.   Constatou que o poço já devia ter sofrido muitas prospecções e recebido muito petróleo! Decidiu voltar para d. Zulu!

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