É hora então de se perguntar: O que é a morte? É o fim de tudo? Morreu acabou? Não é possível. Se a morte fosse o fim, que propósito teria a nossa existência para o criador? Quando penso nisso lembro da minha infância, quando eu via espíritos e não comentava com ninguém, com medo que dissessem que eu era maluco. Tentei algumas vezes, mas ninguém me deu atenção e ainda riram e reclamaram de mim por estar “inventando coisas”. Cresci e não via mais espíritos, exceto algum vulto, às vezes. E nessas horas sentia uma sensação estranha, e meus pelos se arrepiavam embora eu não estivesse com frio ou medo. Percebi então que naqueles momentos, eu estava na presença de algum espírito. Como desde a adolescência eu já frequentava centros espíritas e terreiros de candomblé, tive acesso a algumas experiências e passei a ler sobre o assunto. Dali em diante, tive a certeza da existência de um mundo espiritual e que a morte não era o fim de tudo, mas apenas uma passagem para outra vida.
Mas, por que nem todo mundo via espíritos? Porque nem todo mundo é dotado dessa capacidade. É como um dom. Nem todo mundo sabe jogar bola, desenhar, tocar instrumentos, cantar, esculpir. Alguns são bons com números, outros com letras, outros tanto são hábeis em trabalhos manuais. Assim é a mediunidade, nem todos a possuem. Alguns têm um pouco, outros tem muita. E há diversas formas de mediunidade. Há aqueles que vêm os espíritos e até conversam com eles (videntes), há os que apenas os ouvem (auditivos), os que sentem suas presenças (sensitivos) e há aqueles que os incorporam, ou seja, “emprestam” o corpo momentaneamente a um espirito para que ele interaja com os vivos.
Tendo conhecimento de todas estas coisas e outras mais, a respeito do mundo espiritual, não me restam dúvidas de que a morte é apenas uma passagem, e a única certeza que tenho desde que me entendo por gente, é a de que um dia vou morrer. Mas, como disse antes, isso não me assusta. Morremos quando chega a nossa hora e não vivemos um segundo a mais porque tivemos medo de morrer. Mas, devemos viver perigosamente, nos expondo a riscos desnecessários demonstrando que somos corajosamente burros? Claro que não. Ensinaram-me uma coisa ainda criança (e eu, irresponsavelmente, várias vezes não levei em conta) de que “todo exagero é pernicioso”, ou como diz o povo, “tudo demais é sobra”. Equilíbrio, meus irmãos, é a chave de tudo. A minha vida é preciosa para mim e eu sempre a vivi intensamente. Fiz o que queria fazer, fui quem eu quis ser, cometi erros e acertos, fui ficando mais prudente com o passar dos anos (adquiri muita experiência e conhecimentos na viagem). E com mais de 60 anos, cumprida mais da metade da jornada, a morte não me assusta. Aliás, nunca me assustou. Mas não a procuro, ela que venha a mim, quando o criador assim o determinar. Eu estarei lá. Pronto. Sem medo ou desespero.
NE: Do livro Soltando as Amarras, escrito em 2015.
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