Em busca de soluções práticas para auxiliar tanto na redução do lixo
plástico do mundo quanto na ausência de casas para as pessoas, esse
arquiteto criou a Conceptos Plásticos.
Em meados de 1800, começou a jornada para a criação de materiais
sintéticos que pudessem substituir os naturais, como a borracha. Os
produtos criados em curto tempo eram derivados da celulose, e como
exigiam alto custo, acabaram não ganhando espaço no mercado, mas foram
fonte de inspiração para o que veio depois.
Cerca de 100 anos atrás, Leo Hendrik Baekeland foi responsável por criar a primeira resina completamente sintética, que recebeu o nome de baquelita. Esse foi o grande start para o papel que o plástico ocuparia no futuro, passando de 1,5 milhão de toneladas, em 1950, para 265 milhões de toneladas em 2010.
Essa explosão do plástico trouxe um dos maiores problemas ambientais da história da humanidade: o descarte incorreto, a pegada de carbono e a demora na decomposição do produto. Nos últimos 70 anos, o plástico evoluiu consideravelmente, ganhando características ainda mais resistentes, criando a promessa de ser resistente, barato e duradouro.
Criamos uma dependência do plástico que é quase impossível comprar um produto que não tenha sequer um pequeno pedaço do material. O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) publicou o relatório “Da poluição à solução: uma análise global sobre lixo marinho e poluição plástica”, revelando que, sem uma ação urgente dos governos, a estimativa é de que os 11 milhões de toneladas que entram nos oceanos anualmente tripliquem nas próximas duas décadas.
O valor pode parecer abstrato, mas isso significa entre 23 e 37 milhões de toneladas métricas de plástico entrando no oceano até 2040, ou o equivalente a 50 quilos de plástico por metro quadrado de costa marinha no mundo inteiro. Um dos maiores problemas do plástico é justamente o fato de que ele não se decompõe da mesma maneira que os materiais orgânicos, mas vão se quebrando em pedaços menores, chamados de microplásticos ou nanoplásticos.
A produção do plástico é tão recente na nossa história, que a cada ano ainda descobrimos mais impactos negativos do descarte incorreto do material. Por exemplo, esses microplásticos são encontrados dentro do sistema digestivo de inúmeras espécies de animais marinhos. Um estudo recente mostra que até nós temos sofrido os impactos, pois são encontrados microplásticos em pulmões, fígado, baço, rins e até mesmo na placenta de bebês recém-nascidos.
Tentando encontrar uma solução para esse problema, o arquiteto colombiano Oscar Andrés Méndez criou uma maneira diferente de construir casas, facilitando o acesso à moradia para pessoas de baixa renda ou sem teto. A startup chamada Conceptos Plasticos cria grandes blocos feitos de resíduos plásticos, que podem ser montados como se fossem grandes Legos.
O idealizador do projeto explica que quatro pessoas são capazes de montar uma casa de 40 metros em apenas cinco dias, e desmontá-la em três dias. Isso porque elas são transferíveis, ou seja, sempre que necessário, podem ser levadas para outro local e montadas novamente. Os blocos são feitos de plástico industrial, comprado de empresas e grupos de reciclagem. Cada tipo desse material confere à casa uma propriedade diferente, como rigidez em alguns lugares, flexibilidade em outros.
A ideia de fazer com que as próprias indústrias percebam que existem formas de lidar com seu próprio resíduo plástico surgiu quando ele ainda estava na faculdade de arquitetura. Em entrevista ao site Semana, ele conta que sua namorada sempre teve um lado mais social, e isso o incentivou a pensar em soluções para as pessoas que não têm moradia, tentando acabar com dois problemas ao mesmo tempo.
Recebendo apoio de ONGs e outras empresas, a Conceptos Plasticos não quer parar por aí pois, de acordo com Oscar, agora o principal objetivo é criar estratégias de educação para a população colombiana, reforçando que o simples ato de separar o lixo é capaz de fazer com que sem-teto possam ter casa própria. Transformando lixo em moradia digna, o fundador da empresa mostra que o processo é 30% mais barato que o convencional e os imóveis podem durar mais de 500 anos.
Informações: O Segredo
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