No mês de junho, no Dia Santo de São João, Vital costumava receber os clientes mais chegados em sua Chácara, onde morava, no ainda Distrito do Limoeiro, hoje Bairro. “É a oportunidade que eu tenho de devolver um pouco do que tiro de vocês durante o ano”, dizia ele, rindo. E recebia os amigos com prazer e alegria, ao lado da sua santa esposa, Edilma, uma perfeita anfitriã. Eu estivesse onde estivesse, vinha para Feira para não perder o “Dia de São João” na chácara de Vital. Certa vez eu estava em Jequié, a trabalho, distante 250 KM de Feira de Santana. Pernoitei lá e 5 horas da manhã já estava à procura de transporte para voltar pra Feira. Foi difícil, mas achei carona numa camionete que carregava vidros. Me acomodei ao lado do suporte das placas de vidro que ficavam no meio exato da carroceria e segui viagem. Numa localidade chamada Serra do Mutum, me deparei com uma camionete bem parecida com a que eu estava viajando, que havia capotado na ladeira e um lençol branco estendido denunciava a tragédia. Vontade de desistir até passou pela minha cabeça, mas... toca o bonde.
Cheguei em Feira fui em casa onde deixei a mochila e peguei Maura, e fomos de carona para a casa de Vital, onde alguns amigos já se encontravam. O casal tinha boa mão na cozinha, Vital tinha gosto em preparar alguns petiscos. Naquele dia comi o melhor charque assado na brasa da minha vida. Mole como um filé. Uma receita secreta de Vital. O dia transcorreu calmo e tranquilo, com muitas estórias contadas, piadas e brincadeiras entre amigos. Quando dei por mim, já estava escurecendo e só restávamos eu e Maura, com Daniel, que nos dava carona. Decidimos ir embora e nos deparamos com o pneu furado. Trocado o pneu, faltou um parafuso. A roda pegava três, e só havia dois. Ficamos quase uma hora procurando esse tal parafuso, no escuro, com lanternas. Até que eu, senti algo em minha mão, abri e perguntei: Será que é esse aqui?
Mas, a melhor farra de todas aconteceu no Bar. Rui Paolo, torcedor do Bahia, chegou por volta de meio dia no bar para assistir ao jogo, que seria às 16 horas. Jogariam Internacional X Bahia, pela final do Campeonato Brasileiro. Vital, também torcedor do Bahia, também estava eufórico, como todos nós, tricolores da gema. Entrou no bar um cidadão que levava um peru e parou pra beber alguma coisa. Conversa vai, conversa vem, Rui comprou o peru. Até a hora do jogo eu não sei quantos goles de cachaça e cerveja aquele peru tomou. Botaram o nome dele “Taffarel”, que era o goleiro do Internacional. Passaram batom no bico do peru, colocaram um laço de fita no pescoço, e, de vez em quando, com o peru bebum, em cima do balcão, algum outro bebum pegava na crista do coitado e ficava sacudindo pra cima e pra baixo e gritando: Ô Taffare-el, Ô Taffare-el, Olê, olê. ôlá! O Bahia empatou em 0 X 0, placar suficiente para tornar-se bicampeão Brasileiro. Eu não sei até que horas duraram as comemorações no bar. Sei que Vital levou o Taffarel para a chácara, para engordar e ser comido no próximo São João.
Mas lembro que acordei em minha cama no dia seguinte.
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