Hoje à prova de cana, Léo já foi adepto de um bom goró, mesmo depois de casado. Bem jovem e chegado a um namoro, “uma coisa extra” como gostava de dizer para os amigos não dispensava uma paquera. Trabalhador, cedinho estava na mercearia, bem estocada, cumprindo estágio para um futuro supermercado. Final de semana sempre um bom drible na esposa, para umas bicadas, ver o seu Fluminense de Feira jogar, ou uma boa paquerada.
Naquele sábado Simone, uma morena bonita, que já lhe chamava a atenção, fez algumas compras e ele, bem inspirado, foi relatando a boa atração da boate do FTC. “Ah se você quisesse ir” jogou esperançoso e de cabelo em pé, ouviu-a dizer “eu gostaria de ir”. Ai foi só “finalizar” os detalhes, fechar a mercearia um pouquinho mais cedo e correr para casa, para se preparar.
No quarto, escapou das perguntas da esposa que, para sua sorte, ia ver uma irmã. A sopa caiu no mel! Mas logo ficou verificou que o par de “cavalo de aço”, sapato que mais gostava, estava com os solados descolados! Embrulhou-os em um exemplar da Folha do Norte e correu para a tenda de Tatai, gente boa, excelente sapateiro e que, como ele, gostava de saborear uma Pitu. “Preciso desses sapatos hoje à noite como sem falta. É só colar os solados!” e Tatai encharcado: “Com certeza. Espere cinco minutos que você leva”. Já na porta da tenda Leo respondeu “não compadre, boca da noite eu venho buscar”.
Inventou de limpar o quintal e mal a madame saiu, correu para fazer barba, ajeitar a cabeleira quase loura, ao estilo Beatles, escolheu a calça Lee legitima, uma camisa de gola italiana, fez um lanche e no momento aprazado correu para a tenda de Tatai, já que era hora de fechar. Pegou o embrulho de jornal “quanto é compadre?” e resposta natural “toma vergonha compadre, eu vou lhe cobrar isso?”.
Em casa pensamento único em Simone, tomou banho, vestiu-se, desembrulhou os sapatos e caiu de costas na cama. Os sapatos estavam realmente bem colados. Trabalho de profissional. Mas uma sola estava colada na outra, como se fosse um único pé. Desesperado, para não perder a boate, calçou um par de mocassim, que não era muito do seu gosto e partiu para o Feira Tênis Clube. A noitada foi boa e tudo acabou bem, mas na segunda-feira, assim que pode, correu até a tenda de Tatai levando o par de “cavalo de aço” para descolagem. “Mas compadre que maluquice foi essa, quase perdi a boate do Tênis?” e sóbrio, já que ainda eram 10 horas “mas compadre, você mandou colar os solados, foi o que eu fiz”. Leo e Tatai já deixaram o goro e continuam amigos. Vez em quando dão boas risadas, lembrando o histórico episódio!
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