domingo, 21 de novembro de 2021

Pobre Jeremias – Um bom rapaz, mas cresceu demais!

A natureza é mesmo magnifica. É impossível e até inimaginável o que ela pode propiciar. Saturnino não passava de 1.65m de altura e dona Marota, esbarrara em 1.55m  de altura. Nada de estranho naquele tempo em que o Brasil, ainda um país rural, tinha como  presidente – um  dos mais  expressivos líderes políticos  de todos os tempos – Getúlio Dorneles Vargas ,  que, com  muito esforço, ajuda dos saltos dos seus calçados e postura ereta, conseguia chegar ao empolgante 1.56m de altura!

Mas nada disso tinha importância lá pras bandas das Baraúnas. Depois da normalidade de José que depois de adulto chegou a 1.71m de altura e Josiane 1.68m, dona Marota se viu às voltas com Jeremias. O moleque já nasceu  comprido, surpreendendo até a experiente d. Gilene, com  mais de 80 partos realizados na região. “Comadre ainda tem mais pra sair!” e toca a puxar o menino pra fora!

E foi assim na infância. A roupa tinha que esticar e sapato nem pensar. O negócio era andar descalço mesmo. As 10 anos começou a chamar o pai de “baixinho” e o troco da meninada não demorou “vara de tirar caju”; “espanador do céu”, “comprido sem roda” “aranha céu” e por ai em diante. Surgiram as primeiras brigas, mas logo ninguém queria “sair na mão” com Jeremias.

Aos 16 esticara tanto que era chamado para tirar coco, cachos de banana, cajus e jacas e outras frutas, o que fazia sem esforço. Aos 19 chegara a 1.98m de altura e como era magro parecia mais alto ainda, ganhava outros apelidos e talvez o mais adequado “bambu”.  Bom rapaz queria trabalhar e não atrapalhar, mas atrapalhava. Era problema para sentar-se, pior para levantar-se, para passar nas portas. Para dormir já não era problema. Forrava o chão e dormia como um santo todo encolhido, como um tatu bola.

Mãe amorosa D. Marota olhava para aquele menino com carinho e cuidado, pois já sofrera torcicolo no pescoço várias vezes. Ainda bem que no quintal tinha uma  moita de mastruz! Mas o problema maior estava chegando. Já passando de 2.15m de altura, aos 21anos, Jeremias entendeu de namorar, mas não encontrava uma garota alta como ele.               

Terminou se encantando por Ana Mara, uma bonita morena, cabelos pretos anelados, 1.62m. A “diferença” era grande, mas para amor não há barreiras e assim a amizade prosperou.

Rapaz responsável, empregado em uma fazenda, ele levou à sério  o namoro, apesar do “desconforto”. Para namorar ela tinha que subir em uma cadeira, ou se sentar na janela para ficar quase da altura dele. Deraldo, excelente moveleiro e amigo do casal, encontrou uma solução, fabricando uma cadeira/escada, onde Ana Mara podia se instalar. Mas logo surgiu outro problema: onde o casal iria dormir logo que se casasse? Mais uma vez  Deraldo agiu e adicionou à cama de 1.90m mais 35 centímetros o que deu ao móvel 2.25 m, o suficiente para acomodar o grandalhão e sua digna senhora.  Todavia estava para chegar o maior problema. Como colocar a cama de 2.25m em um quarto de 2 metros de comprimento?

Novamente o bom Deraldo, fera em matemática, física e química, também bem abalizado em filosofia é consultado. Parando a serra elétrica devido ao ruído, ele ouve a questão e sem hesitar sentencia: “Bem aí eu não posso resolver, já é um problema para Tonho (excelente pedreiro). Ele pode derrubar a parede e levantar outra, aumentando o tamanho do quarto. A outra solução não me parece viável: ENCOLHER as pernas, diminuir o tamanho das canelas de Jeremias. Aí nem mesma a medicina pode dar jeito!”

 

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