Conversava muito, mas falava bem, tinha argumento e era bonito. Encantava as meninas do Instituto Gastão Guimarães com seus olhos de cigarra (claros-amarelados) e o cabelo preto ao estilo Sandro Moretti (antigo galã de fotonovelas italianas). Melhor ainda era a propalada fortuna: fazendas e carros – que ninguém via. Estava sempre a pé, porque um automóvel fora para a revisão, outro estava com o pai e o terceiro em uma fazenda.
Como gostava de futebol, embora não tivesse o menor jeito para pratica-lo, frequentava sempre o extinto Campo dos Casados (onde hoje é o terminal rodoviário). Falava com propriedade sobre futebol e isso também aumentava o seu prestígio junto a rapaziada. E assim passavam-se os dias e ele encantando gregos e troianos, mas tudo na vida tem um dia.
E esse dia chegou para o galã por pura fatalidade (para ele). João Bermuda esbarrou sua velha bicicleta pneu fino contra-pedal, em uma cerca. Pneu furado, canelas arranhadas. Encontrou uma oficina mecânica no final do antigo Ponto Central, pediu socorro. O mecânico chamou o irmão “vê o que você pode fazer aqui, João!”
E João, que estava debaixo de uma camionete, saiu com o macacão e o cabelo cheios de óleo e graxa para fazer um favor. Seu xará, João Bermuda, que nas folgas não perdia os babas no Campo dos Casados, mal acreditou ao ver o galã todo ensebado. “Tô dando uma força a meu irmão!” justificou-se. Assim a novela teve seu epílogo. João, que no trecho era conhecido como João Mentira, ajudava o irmão na oficina mecânica, um simples aprendiz. O galã dos olhos de cigarra, nunca mais foi visto no Campo dos Casados, acredita-se que ele tenha saído de Feira de Santana!
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