segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Cultura pulsa, mas precisa de suporte.



         Ao contrário do que ocorria nos idos das décadas de 1960 e 1970, Feira de Santana conta agora com espaços mais apropriados para as artes cênicas. Em que pese a carência de melhores recursos técnicos. Naquele tempo, os artistas do teatro amador se esmeravam para superar as deficiências dos espaços então existentes que eram cedidos para a apresentação dos espetáculos: cines Íris e Santanópolis e auditório da Rádio Cultura.
          Mesmo assim, a performance dos artistas não ficava a desejar, a troco de muito exercício e criatividade. Mas a grande luta era pela construção do teatro municipal, o que finalmente foi conseguido pelo prefeito de então, João Durval Carneiro. O espaço à base de madeira adaptado próximo ao antigo Feira Tênis Clube foi consumido por um desabamento cerca de dois anos depois de inaugurado.
         A partir daí estabeleceu-se uma verdadeira via crucis para convencer os governantes da necessidade de um casa de espetáculos mais ampla e com melhores recursos técnicos. Espaço adaptado do auditório do grupo escolar Monteiro Lobato, no bairro Capuchinhos, passou a funcionar com o mesmo nome do extinto espaço em homenagem à atriz Margarida Ribeiro, vítima de morte trágica.
         Mais algum tempo, eis que o teatro ficaria cerca de dez anos desativado mergulhado nas águas de um lençol freático, que voltou a inundar o antigo auditório do centro educacional. Mais uma vez reformado, o denominado Teatro Municipal Margarida Ribeiro agora se soma ao Centro de Cultura Amélio Amorim, Centro de Cultura Maestro Miro, Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca) e o teatro da CDL. As opções de espaços já existem, contudo, eles carecem de melhor estrutura técnica que envolve basicamente acústica e iluminação.

Música de muda
         No campo musical, observam-se mudanças de postura dos artistas autorais. Nos últimos três anos, a partir do Quinta Autoral Caiubi, pocket-show apresentado mensalmente no teatro do Cuca, com o apoio da Universidade Estadual de Feira de Santana, outros eventos foram surgindo.
Com a repercussão obtida pela ideia gestada pelo compositor Dionorina, novos encontros de compositores foram criados, passando a ser uma nova referência em temos de visibilidade dos artistas da cidade. Falta, porém, mais estímulo por parte do poder público que sirva de suporte para a produção dos eventos.
         Embora tenha atraído um público diverso e sirva de referência para novas ações, os exemplos gerados a partir do Caiubi tropeçam na incerteza da continuidade devido à escassez de patrocínio, sem contar a falta de aptidão dos órgãos públicos da área cultural de que tanto os artistas carecem.
         Em outras palavras, o que mais os artistas se ressentem é de espaços adequados ao nível de sua obra musical, hoje limitados a barzinhos ou restaurantes. A cidade ainda não dispõe de uma casa de espetáculos condigna que comporte grandes shows.
         Falta também implementar uma política cultural abrangente e inclusiva e uma resposta positiva da mídia, que não destina espaço para os artistas da cidade em sua programação.
         Aproveitando o momento eleitoral, o próximo prefeito de Feira de Santana deve quebrar o que já se transformou em tradição: nomear políticos para ocupar a Secretaria de Cultura, prática que se repete há pelo menos quinze anos.

Geraldo Lima
Produtor cultural

Texto publicado na edição especial do NoiteDia.

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