Por Gisela Campos

Repasso então o último papo que me deu o que pensar: é possível
gostar de duas pessoas ao mesmo tempo? Tipo assim: é possível uma
pessoa casada – e feliz no casamento – se apaixonar por outra pessoa?
Não estou falando nem em chegar às vias de fato. Nem quero entrar na
seara dos conceitos de traição, fidelidade, etc. Isto, sinceramente, é
até detalhe!
Penso eu: se alguém se interessa por outro fora da relação dita
“oficial”, que diferença faz se o caso acontece ou não? Discorro apenas
sobre o “interessar-se”, ou mesmo, apaixonar-se por outro (ou outra).
Será que é possível? Ou mais: será possível a vida a dois SEM isso?
Será que existe quem realmente passe a vida olhando sempre para o mesmo
lado?
Afinal, o que é a fidelidade? E o que ela significa? Qual o seu valor real?
Conversando com dois amigos essa quarta-feira, ouvi que se interessar
só por uma pessoa ao longo da vida seria “praticamente impossível”
(palavras de um deles). Mas ambos concordam. O importante é o outro não
saber: “nunca! Ela não pode saber nunca…”, suspira pensativo. E
continua: “até porque eu sou louco por ela… Ela é a mulher da minha
vida. A outra não significou nada, foi só um flerte, uma paixãozinha…”
Mas será que estas paixõezinhas não são o melhor da vida? Será que não é isto que nos empurra pra frente?
Por acaso, na noite dessa mesma quarta-feira, encontro com umas
amigas aqui em casa para tomarmos um vinho e falar da vida. A mais
velha, 60 e pouquinhos anos, enxutérrima e super produzida, namorando um
homem 8 anos mais novo, diz que perdeu muito tempo da sua vida se
prendendo a conceitos e padrões da sociedade. Diz que “deixou de viver
muita coisa em nome de um casamento”. Será? Será que ser fiel é sinônimo
de “deixar de viver”?
E, aliás, quem disse que se interessar por outro é trair? Ou trair
implica necessariamente em contato físico? “A gente trai com o corpo ou
com a alma, afinal?”, pergunta uma das amigas mas o papo foge para
outros lados. Minha alma fica sem respostas, dá outro gole no vinho e
sai voando pela janela.
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