terça-feira, 11 de setembro de 2012

Modernizando o amor

Na seção Homens de Segunda, da coluna Mulher 7 X7, de Epoca, o escritor e roteirista Ricardo Hofstetter sugere a apropriação de conceitos de outras áreas para o universo do amor. 
 Não é que eu concorde, mas, o texto é espirituoso. Confira:

Acho que romantizamos demais o amor. Acho também que está na hora de modernizá-lo, adaptando-o à vida moderna. Afinal, o amor romântico que conhecemos hoje foi inventado na Idade Média e está mais do que na hora de um up-grade. Li aqui no 7×7 que uma empresa nos Estados Unidos lançou o seguro-divórcio. Eu também tenho minhas ideias.

Da enologia, por exemplo, poderíamos importar o conceito de degustação. Degustação é uma das melhores coisas da vida: você experimenta uma taça de uns vinte vinhos diferentes, dá notas a cada um e sai de lá bêbado e feliz da vida, carregando uma listinha de uns cinco ou seis vinhos que, com certeza, lhe trarão grande prazer no futuro (os profissionais dizem não engolir, apenas degustam o vinho e depois o cospem; mas isso, além de nojento, é uma burrice, afinal, o grande barato do vinho é a felicidade que vem depois de três ou quatro taças). 

Deveríamos fazer igual no amor: imagine uma degustação de mulheres (ou de homens, se você é mulher ou gay). Degustaríamos diferentes safras, sorveríamos buquês, apreciaríamos o paladar, a complexidade, a cor, a textura, leríamos informações sobre a origem, modo de produção, terroir e, só depois de muito estudo, escolheríamos a garrafa de nossos sonhos.

Da informática poderíamos importar o conceito de versão: demo, light e full. Para quem não conhece, explico: a versão demo de um programa é aquela, gratuita, que só funciona durante um mês, apenas para você experimentar o programa e ver se gosta dele. Passado o período de experiência e, gostando do programa, você pode adquirir uma das versões: a light (também chamada de express), mais barata e que tem apenas as funções básicas; ou a full (ou completa), mais cara, para usuários mais experientes, que usam tudo que o programa oferece. Assim, antes de namorar, você poderia levar a pretendente (ou o pretendente) para casa durante um mês e experimentá-la (lo) à vontade. Gostando, poderia namorar, optando por um dos dois tipos de namoro: light ou full. Não seria ótimo?

Outro conceito que poderia ser introduzido, agora no casamento, é o prazo de validade. Essa história de “até que a morte os separe” já deu. Casamento deveria ter prazo de validade de sete anos. Ao ouvir minha ideia, uma amiga reclamou:
— Sete?! É muito! Cinco anos tá mais que bom!
Então vá lá: casamento deveria ter prazo de validade de cinco anos, automaticamente renováveis por mais cinco, caso ambas as partes concordem. Assim, no altar, o padre diria:
— Fulana de Tal, aceita Fulano de Tal como seu legítimo esposo, prometendo amá-lo e respeitá-lo, na dor e na alegria, na saúde e na doença, até que o prazo de validade de cinco anos expire?
Não tenho certeza se essas ideias funcionariam, mas que dariam uma boa movimentada no mercado, não há dúvida.

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