Eu sei e vocês sentem nas estações da alma que é Setembro, embora haja
flores, no entanto, que desobedecem ao calendário, florescem em Abril e
lançam seu perfume por uma vida inteira. As folhas do outono que
forravam o chão, cedendo ao frio, são varridas. E nas manhãs de minha
aldeia e do meu coração a neblina não cobrirá mais o sono dos que se
tardaram amando.
Há, pressentimos todos, depois do longo e opaco outono, urgências de
flores. Há extrema urgência de flores. Precisamos semeá-las em cada
despedida para que não esqueçam que não é partir que afasta, mas não
deixar cativo o espaço da volta. Precisamos de flores, pois, Setembro,
sempre foi longe demais.
Precisamos das leiras dos olhos para semearmos lírios, jasmins,
girassóis amarelos, açucenas e delicadas acácias, que sempre guardamos. E
rosas. As rosas vermelhas, as rosas negras, as rosas amantes.
Precisamos de mãos de jardineira, replantando os frutos das amendoeiras,
pois, novas chuvas virão. As ruas de minha alma- as existentes, e as
inventadas-, e a Getúlio Vargas, de minha cidade, irão florir seus
flamboyants e a vida se iluminará de outro sol e tons.
Agora, que em algum lugar o mundo dorme exausto de existir, escrevo
como se fosse minha primeira carta de alfabetizado , só para avisar que
Setembro não é longe demais e que é preciso que se dê, urgentemente, por
inaugurada, a primavera, em nosso peito e nos corações, para que se
possam semear, ou dar posse, às últimas esperanças de amor.
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