O colesterol alto é um dos responsáveis pela principal causa de morte
no mundo: as doenças cardiovasculares. Em grandes quantidades, essa
molécula se deposita nos vasos sanguíneos e ajuda a formar placas de
gordura nos vasos, o que pode resultar em infarto ou AVC.
De acordo com o Ministério da Saúde, 40% dos brasileiros sofre com o
excesso de colesterol no sangue. Um dado que soa pior ainda agora que
pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) revelaram
que o colesterol não é apenas inimigo do seu coração: ele também
prejudica bastante o cérebro.
Em um estudo publicado no periódico Molecular Metabolism,
eles demonstraram que o aumento dos níveis de colesterol no sangue
compromete a formação de novos neurônios no cérebro de camundongos.
Essa relação do colesterol com o cérebro já é conhecida há algum
tempo: na década de 1990, pesquisas com coelhos e ratos indicaram que o
colesterol alto pode prejudicar a memória e o aprendizado. Além disso,
experimentos com voluntários humanos demonstraram que pessoas com
hipercolesterolemia (colesterol alto herdado de família, uma doença
genética) tinham uma maior tendência a pequenos problemas de memória.
Para atestar novamente essa relação, a pesquisadora Daiane Engel realizou testes com camundongos geneticamente modificados para terem colesterol alto. A experiência era simples: os animais foram apresentados a dois objetos e passaram um tempinho com eles para conhecê-los. Minutos depois, eles foram novamente expostos a estes dois objetos – desta vez, colocados mais próximos um do outro.
Ao contrário dos camundongos normais, que
passavam mais tempo explorando os objetos que foram trocados de lugar,
os animais com colesterol alto pareciam não reconhecer que os objetos
que já conheciam foram aproximados. Assim, os pesquisadores atestaram a relação entre a hipercolesterolemia e o déficit de memória.
O pulo do gato do estudo brasileiro é que eles descobriram o motivo do déficit: o alto colesterol atrapalha a neurogênese adulta.
Explicando em termos menos técnicos: neurogênese é o processo de
formação de novos neurônios no cérebro depois de adulto. Antes, a
medicina acreditava que todo ser humano nascia e morria com a mesma
quantidade de neurônios. Agora, já é de conhecimento da ciência que,
numa região do cérebro chamada hipocampo, existem células progenitoras
(similares a células-tronco) que se diferenciam em novos neurônios ao
longo da vida.
No estudo, os pesquisadores
comprovaram que os camundongos com colesterol alto tinham menor número
destas células progenitoras no hipocampo, e isso se relaciona com o
problema de memória dos animais. Em testes, ao isolar células progenitoras in vitro
e expô-las a partículas de LDL (o colesterol ruim), os cientistas
atestaram que as células não conseguiam se diferenciar em novos
neurônios.
Por que isso acontece, segue um mistério: “A gente tem algumas pistas, mas ainda estamos buscando estabelecer as conexões. Não sabemos exatamente quais alterações bioquímicas que o excesso de colesterol faz nas células progenitoras“, disse a pesquisadora Andreza de Bem, que liderou do estudo, à SUPER.
Pelo bem não só do seu coração, mas também do seu cérebro, é bom maneirar na pizza. (Super Interessante)
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