A baiana Anna Luisa Beserra, de 21
anos, acaba se tornar a primeira brasileira a vencer o prêmio Jovens
Campeões da Terra, principal premiação ambiental das Nações Unidas para
jovens entre 18 e 30 anos.
A homenagem acontecerá em um baile de gala marcado para o dia 26, durante a Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Acostumada
a laboratórios químicos e termos científicos desde a adolescência,
Beserra explica com simplicidade a invenção para aqueles nunca viram um
tubo de ensaio na vida.
"A gente passa protetor quando vai à
praia justamente para nos protegermos contra a radiação ultravioleta. Em
humanos, ela causa câncer de pele. Mas, para vírus e bactérias, ela é
letal. A gente aproveita a mesma radiação ultravioleta para fazer o
tratamento na água, que passa a ser potável", diz.
Nascida em
Salvador, Beserra começou a desenvolver a tecnologia aos 15 anos, em
2013, depois de ganhar uma bolsa para jovens cientistas oferecida pelo
CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), do
governo federal.
De lá para cá, ela criou 10 versões distintas
até chegar à tecnologia atual, que purifica água não-potável usando a
luz solar, sem produtos químicos ou filtros descartáveis.
Segundo
a ONU, 1,8 bilhão de pessoas bebem água imprópria ao consumo humano no
mundo. No Brasil, segundo dados divulgados neste ano pelo Intituto Trata
Brasil, cerca de 35 milhões de pessoas não têm acesso a redes de água
potável.
Batizado de Aqualuz, o dispositivo foi acoplado em fase
de testes a cisternas na região do semi-árido do nordeste brasileiro e
já garante acesso a água limpa para 265 pessoas.
"Até o fim do
ano chegaremos a mais 700", afirma. "É uma metodologia muito fácil e
viável para estas regiões. O dispositivo dura 20 anos, em média, e só
precisa ser limpo com água e sabão."
'Democratizar o acesso a água potável'
Vencedora da categoria América Latina e Caribe da
premiação oferecida pelo Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente, Beserra quer agora expandir a tecnologia para fora do Brasil.
"A
gente não esperava (o prêmio), foi uma grande surpresa. Agora, sabemos
que não só vamos ter o retorno financeiro para investir no projeto, como
também estamos abrindo portas para expandir a tecnologia para África,
Ásia e outros países da América Latina", diz.
"A meta é
democratizar o acesso a agua potável", prossegue a criadora do Aqualuz,
que é capaz de limpar até 10 litros de água em 4 horas.
Agora
elevada a uma das "ideias mais inovadoras e arrojadas para solucionar os
desafios ambientais mais urgentes do nosso tempo", segundo a ONU, a
solução criada pela jovem brasileira pode frear os impactos devastadores
da nona principal causa de mortes em todo o mundo.
Segundo a
Organização Mundial de Saúde, só em 2016, 1,4 milhão de pessoas morreram
em decorrência de doenças diarréicas contraídas pelo consumo de água
contaminada.
A ONU aponta que estas mortes estão "diretamente
ligadas à falta de água potável e à falta de saneamento e de acesso à
higiene" e que os problemas atingem principalmente "populações jovens,
vulneráveis ou que vivem em zonas rurais remotas". Click aqui e leia mais no BBC News Brasil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário