quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Crônica de Barcelona


A temperatura segue alta na Espanha: a previsão do PIB caiu de 2,4% para 2,1% e o governo incapaz de governar convoca novas eleições. No calor de Barcelona a estudantada em flor adotou um short curto para exibir a beleza das pernas joviais, afinal, o que não é visto não é cobiçado, mas sem a sexualidade ostensiva que vemos no Brasil.
A mini-saia também deu o ar de sua graça, mas sem o mesmo prestígio. A janela de meu hotel dá para o pátio de um colégio e decididamente obesidade infantil não é um problema por aqui, ao contrário de Feira, onde estudos da Prof Mayra, da UEFS, mostrou prevalência de 14%. As mulheres- tristemente-, ainda fumam e não há a devoção obsessiva ao botox e a moda como no Brasil. Low-profile, Observo enquanto caminho nas calçadas perfeitas e livres, da cidade. Muitas tem olhos verdes, algumas parecidas com esmeraldas deitadas em copos de leite. Onde terei visto isto?

Barcelona praticamente livrou-se da maldição das pedras portuguesas. As ruas são limpas, o asfalto reto, a sinalização visível. A segurança é um diferencial me diz um taxista brasileiro- que me diz que perdeu tudo no Brasil e veio pra Espanha e não gosta muito de Moro, motivo pelo qual começo a desconfiar que é um foragido da Lava-Jato-, algo que quem nunca saiu do Brasil não sabe o bálsamo que é.
Sim, taxi- padronizados em amarelo e preto-, pois, não há Uber por aqui. O preço não é exorbitante apesar da falta de concorrência. No sinal um ciclista discute ferozmente com o taxista que buzinou para ele. Ao que entendi discutiram direitos e ninguém xingou a mãe de ninguém, nem puxou uma arma, meu pânico brasileiro já em alerta. Tocava Amy Winehouse!
A cidade é um festival gastronômico e o preço dos vinhos comparando com as mesmas garrafas no Brasil, me dá vontade de pedir asilo como perseguido enofilico. Ainda não fechei minha transferência para o Barça. Continuarei andando nas destroçadas vias de minha cidade.
O Congresso anuncia impressionantes avanços no tratamento das doenças cardíacas em diabéticos. Volto a rever a arquitetura do genial Gaudi- o arquiteto de luz e sombras- na Casa Batlló. Não volto a Igreja -que amo perdidamente-, da Sagrada Família- considero uma heresia a reforma que fazem nela-, preferindo guardar a inacabada, que tenho na memória, de outra visita.
A caminho de volta pro hotel passo no Mercado Municipal e vejo jaca. Pergunto como se chama por aqui. E o vendedor me ensina algo mais em Espanhol: chama-se jaca. Igual, mas ele fala com visgo na boca
Vou a Girona, ainda marcada pelo SIM- amarelo-, para separação da Catalunha. Sigo a caminho de Figueres, e do Museu Dalí, em sua terra natal, ao lado da Igreja em que foi batizado. Uma grande homenagem a Gala- sua nada santa, musa- e um retrato de sua teatral genialidade.
É uma apoteose ao surrealismo.

Acordo para mais um dia e leio as notícias do devasso e surreal Congresso brasileiro, antes de sair. Dalí, era nada!

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