quarta-feira, 1 de julho de 2020

Covid-19, em Feira, o Estado e a Prefeitura


O enfrentamento a pandemia, em Feira, vive seu momento mais dramático, desde março, quando foi detectada. Os 445 casos de maio sequer fazem sombra aos 3500 de junho ( mais de 80% dos casos totais) e que deve ser mantido em julho, com a flexibilização da abertura do comércio.
Evidente que parte desse aumento se deve a testagem, especialmente da rede privada, que mantém até fila em drive-thru, mas as UTIs privadas lotadas, assim como as públicas- inclusive o HGCA- trazem a nítida percepção de aumento real do contágio. As UPAS e Policlínicas estão em situação de quase colapso, mostrando que a rede pública opera no limite do atendimento. Não é a toa que Bahia e Minas Gerais, tem, hoje, a maior taxa de contágio.

Não é esse, no entanto, nosso único problema: a disputa entre o governo estadual e prefeitura, sobre o atendimento, com acusações de parte a parte e uma politização que desmerece a cidade e desprotege seus cidadãos. A verdade é que o isolamento- apesar dos arautos do liberou geral que não pensam em mortes- achatou a curva de incidência da doença. É só olhar o número de casos por mês. Isso permitiu a ambos os entes federativos tempo para prepararem a cidade, para o atendimento. A previsão, no entanto, de ambos, foi modesta e aquém do impacto da doença. Não custa lembrar que não é só ter o leito, mas capacitar, qualificar, o uso do leito. Estar em uma Policlínica ou UPA, sobrecarregada, não é a mesma coisa que estar em uma unidade específica.
O Estado, no limiar do tolerável, está entregando o novo e ótimo HGCA- que ficará lotado de Covid-19 , e dificilmente conseguirá se manter sem estender o atendimento da parte mais antiga ao mesmo tipo de doença. A Prefeitura, por sua vez, tem uma Unidade de Campanha, atuando, mas que parece subestimada. Caso consiga manter o isolamento – que sempre foi meio ficção nessa inculta, fervilhante, e indomada Feira- talvez consigamos nos adaptar. Caso seja mantido o ritmo de crescimento dos últimos dias, viveremos tempos difíceis, até porque a ocupação da rede pública sem novos leitos, está levando a mortes por outras doenças, como já acompanhei.
Algo, do qual, ambos não podem se vangloriar, são os testes. O Brasil, a Bahia, Feira, como temos repetido exaustivas vezes, optou por uma política de poucos testes. Aliás, estamos entre os países que menos testam no mundo, e navegamos no escuro, como disse o ex-ministro da Saúde, Teich. Artigo publicado essa semana na conceituada revista médica, Nature, mostra que a frequência dos testes é fundamental no controle dos surtos e na flexibilização correta do comércio.
É preciso, e a população exige, que as divergências entre o Estado e a Prefeitura sejam superadas, que seus líderes sejam responsáveis e unam forças para perdermos o menor número de vidas possíveis e que haja o menor grau de desespero por atendimento na população.
Uma campanha eleitoral, não precisa de mortos.

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