quinta-feira, 2 de julho de 2020

Pandemia: ainda dá tempo


Chegamos a 60 mil mortos. Até mesmo aos que acham que mortes são só uma estatística, é preciso reflexão. Alguns chamam de terror, como se esconder o próprio medo no não saber reduzisse o medo ou a realidade. Outros dizem que devemos nos concentrar nos recuperados, mas acontece que recuperar e viver é o destino natural. Morrer de uma pandemia desnecessária, por falta de honestidade na origem, competência no enfrentamento, ou falha na assistência , é que deve merecer nossa atenção, exatamente para que tenhamos significância da gravidade, e possamos cobrar dos responsáveis, as medidas necessárias, inclusive honestidade administrativa.

O Brasil tem, em média, 1000 mortos por dia ( 800-1200). Embora a doença reflua em algumas capitais mais duramente atingidas, ela cresce nas que pareciam protegidas e se interioriza seguindo uma dinâmica própria com relação a geografia, densidade populacional e distanciamento social.
Mantendo esse ritmo no mês de Julho ( e nada parece haver que o diminua, no momento) chegaremos a 100 mil mortos, uma tragédia inominável, dolorosa, de uma perda emocional indescritível.
É preciso um freio de arrumação. Não podemos continuar a distribuir o troféu Osmar Terra de feno, alfafa, e capim, nas ações e previsão. Não podemos continuar com essa divisão assassina.
É preciso que o ministro da Saúde- ou seu líder-, chame o país para a ciência. Que um CONSELHO CIENTIFICO , com credibilidade, apartidario, seja nomeado; que os governadores também sejam responsabilizados, que os órgãos da Justiça e do Ministério da Economia estejam nessa mesa, para que as medidas com mais evidências sejam tomadas e acabemos com essas divergências de mensagens que continua dilacerando vidas. É preciso, também, que cada cidadão tenha plena consciência que seus respectivos discursos e atos tem consequências, também, mortais. Não é só terceirizar as culpas, pois, cada um tem sua parte nesse latifúndio de mortes.
Temos recursos já sobrando em alguns estados, o mundo já tá produzindo materiais facilitando o suporte.
É preciso, portanto, usar dados, testes, informação científica para traçar o caminho do vírus e seu enfrentamento e o ministério da saúde precisa voltar a ser ativo e não uma operação militar fracassada, que desonra a classe, sem lhe conferir valor.
Ainda dá tempo, ainda há mortes que podem ser evitadas- e mesmo que fosse só uma- e nos poupe do número que nos torna célebres na tragédia.
Chega, eu não suporto mais essa politicagem rasteira, inepta; essa falta de direção, comunicação, união; essa ciência de botequim das redes sociais. Vamos agir: há uma dúvida? Lockdown? Achatamento da curva? Drogas? Economia em V? Vamos pra cima dela, vamos testar, vamos coletar os dados, vamos produzir uma resposta com segurança, qualidade. Temos pesquisadores de todas as áreas, com competência para isso! Enterremos o jogo político no inferno, com seus arautos de aluguel, suas opiniões vendidas, enquanto fingem serem livres. Livres, como um táxi.
Ainda podemos salvar vidas. A pandemia não passou mesmo que você já tenha passado pela pandemia. Os números não mentem, os mortos não voltam, e eu só respeito a quem respeita a liberdade e a vida. Sem condicionantes.
Mudem o discurso de uma resposta científica que defendem sem ter provas, para uma exigência de um Conselho Tecnico imediato que nos conduza nesse escuro.
Ainda dá tempo. Vamos, pois, somos os sobreviventes. Vamos lá!

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