terça-feira, 5 de outubro de 2021

Pensando nas crianças

O dia 12 de outubro é dedicado às crianças. Se desejamos que haja paz nas famílias, nas comunidades e em todo o mundo, em primeiro lugar, temos que cuidar bem das crianças. Um País que não respeita suas crianças, e não lhes oferece condições para desenvolverem suas potencialidades, está colocando em risco o seu futuro.

O ESCRITOR Aldous Huxley garante: “Tudo acontece antes que tenhamos 12 anos”. Psicólogos falam dos comandos iniciais. Por essa expressão, entendem aquilo que os adultos dizem para a criança nos primeiros anos de vida.  Se dissermos a uma criança que ela é inteligente, se tornará inteligente. Se dissermos que ela é feia, sempre se julgará feia. Quando um pai diz para seu filho: “Você nunca faz nada de certo”, ele o está direcionando para o fracasso.

POR MAIS otimistas que sejamos, não dá para esconder a situação de milhões de crianças no Brasil. Nas grandes cidades, inchadas pela migração do campo, elas se amontoam com os pais, em barracos e favelas, quando não se espalham pelas ruas pedindo esmolas. Há crianças exploradas no trabalho. Há crianças prostituídas. Há crianças usadas no tráfico de drogas. Há crianças sofrendo violência dentro e fora de casa.

A SITUAÇÃO, no campo, não é menos angustiante. Volta e meia, a televisão e as redes sociais estampam, diante de nossos olhos, crianças enegrecidas, por dentro e por fora, pelo pó das carvoarias, crianças roubadas em seu direito de ir à escola para trabalhar na colheita do café, da laranja, crianças mutiladas pelos martelos com que quebram pedras e cocos.

BOA VONTADE para com as crianças e adolescentes até que existe. Tanto que, temos o Estatuto da Criança e do Adolescente, elaborado, há mais de 20 anos, e que suscitou muita esperança. Ali estão relacionados todos os direitos da criança e os deveres da família e da sociedade.  É hora de assumirmos, esse estatuto, com coragem e vontade política.

SEMPRE É bom lembrar: Jesus identificou-se com as crianças, e quando os apóstolos discutiam sobre quem seria o maior, Ele “tomou um menino, colocou-o junto de si, e disse-lhe: “Quem acolher este menino em meu nome, é a mim que acolhe, e quem me acolher, acolhe aquele que me enviou” (Lc 9,47-48). “Deixai vir a mim as crianças, porque delas é o Reino dos Céus” (Lc 18,16)

 

Dom Itamar Vian

Arcebispo Emérito

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