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Você já pensou em ficar sem internet, redes sociais ou celular por um dia? Parece meio complicado, ainda mais em um mundo cada vez mais conectado. Pesquisa do Comitê Gestor da Internet do Brasil aponta que só em 2020 o país alcançou a marca de 152 milhões de usuários com mais de 10 anos de idade com acesso à internet em casa, um aumento de 7% em relação ao ano passado. O Brasil é o país com o maior tempo gasto em apps de celular. De acordo com relatório do App Annie Intelligence, os brasileiros passam, em média, 5,4 horas por dia olhando o smartphone. Mas por trás dos números há uma preocupação maior: a saúde dessa população e a dependência em telas.
Para a psicóloga do Sistema Hapvida em João Pessoa, Rafaela Amorim, assim como o vício em drogas, o vício em celular – equipamento mais usado para acesso à internet segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) –, costuma ser banalizado, mas pode trazer consequências desastrosas a saúde. “Pode provocar acidentes, ansiedade, estresse, bullying, ortorexia psicológica e até mesmo transtornos alimentares, através dos padrões expostos nas redes sociais, que criam a ilusão de uma falsa realidade, uma ‘vida perfeita’ em sua superficialidade”, alerta.
Ainda de acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) 2018/2019, do IBGE, entre os objetivos de acesso à internet pelo público pesquisado, está o envio e recebimento de mensagem de texto, áudio e imagens por aplicativos. O desafio é saber quando esse uso se torna um problema e, nesse sentido, a psicóloga aponta que existem diversos sinais. “Sobretudo é importante o indivíduo avaliar seu grau de tolerância ou abstinência, quando o acesso ao celular fica difícil. Muitas pessoas sentiram esses efeitos quando, recentemente, as redes ficaram fora do ar”, avalia.
Rafaela ressalta ainda que é importante o indivíduo identificar quanto o tempo utilizado no celular tem prejudicado outras atividades cotidianas, comprometendo as relações, o trabalho, e atrapalhado na qualidade de vida de uma forma geral. Além de perceber se passa horas no aparelho sem necessariamente precisar ou se perde horas desnecessariamente.
A psicóloga do Sistema Hapvida reforça que além das pressões sociais que fazem a maioria dos indivíduos – até mesmo crianças e adolescentes – aderirem às redes sociais, serem reforçados por curtidas, a dopamina que provoca e que é comum a vários vícios, existe ainda uma relação de necessidade de aceitação, de mostrar um eu “ideal” para sentir-se aceito. Isso gera uma confusão em grande parte das pessoas, que querem exibir e se comparar aos padrões que as redes favorecem, distanciando cada vez mais o indivíduo da realidade, à medida que o vício aumenta, causando frustração.
Rafaela acrescenta que somente através da educação e conscientização é possível tirar o melhor proveito da utilização da internet e seus dispositivos. “As famílias, escolas, os indivíduos precisam estar cientes dos riscos da exposição e do uso frequente. Sem as restrições adequadas aos conteúdos inadequados e sem ferramentas que busquem preparar os indivíduos, a tendência é piorar”.
Reabilitação – Para quem sofre com o descontrole do uso da internet e das redes sociais, a especialista explica que o primeiro passo para um processo de reabilitação é tornar consciente o uso correto das redes e aplicativos, e educar até que ponto pode ser nocivo. “Existem algumas medidas que o próprio celular pode facilitar: tornar aplicativos mais inacessíveis, dificultar sua localização, utilizar senhas pra dificultar o processo pode ser uma estratégia. Deixar no modo avião enquanto precisa desenvolver atividades importantes ou deixar guardado em outros cômodos são algumas opções”, esclarece.
Novos Caminhos – A psicóloga aponta que existem algumas estratégias para modificar um hábito ruim e que podem ser utilizadas no sentido de melhorar esse relacionamento com o uso da internet e as redes sociais. Confira:
• Eliminar os gatilhos – Os principais estímulos que fazem o indivíduo utilizar o celular de forma inadequada e desnecessária, substituir este hábito por outros mais saudáveis: se o que se busca é contato, de que forma este contato é mais saudável? Se for informação, como posso substituir para não recorrer ao celular?
• Desligar as notificações dos aplicativos – Esta é uma forma de eliminar gatilhos e possíveis distrações. E principalmente, lembrar que a principal função do celular é telefone, por mais que se tenha essa necessidade absurda de estar o tempo todo se atualizando, sem pausa, isso só vai aumentar o estresse, ansiedade e frustração. Se algo for realmente importante, lembrar que as pessoas ligam;
• Planejar a rotina – Tempo livre de forma saudável, além de verificar o tempo utilizado nos aplicativos – vários deles acusam as horas que o indivíduo permanece.
Informações R7
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