domingo, 12 de dezembro de 2021

Historinhas políticas verdadeiras

O Messias  não desejado por Falcão

           Primeira eleição, retornando de Salvador, com diploma universitário na mão, o pernambucano/feirense Messias Gonzaga, com voz de trovão, havia começado na Rádio Cultura de Feira, (na capital atuara como noticiarista na Sociedade da Bahia e na TV), resolveu tirar a paz do prefeito José Falcão. Vereador vibrante, em defesa das causas populares, igual a índio selvagem, metia o “tacape” sem pena em Falcão, sempre que havia motivo.

        Diplomata com jeito de padre, o prefeito ia escapando, até que um dia, em uma ampla reunião Executivo e Legislativo se  encontraram. Dival Machado, direitista com aparência de touro selvagem, mas um homem do bem e bom coração, achou que era hora de acabar com aquela birra. Pegando Messias pelo braço, levou-o até a cabeceira da grande mesa onde o prefeito estava conversando com alguém.

         “Falcão este aqui é o Messias”! Disse Dival, colocando o vereador e o prefeito “cara a cara”. Falcão, com a extrema sutileza que lhe era comum, levantou o rosto e sentenciou: “É,  mas não é o esperado e desejado” (alusão a Jesus Cristo). A resposta genial e engraçada de Falcão arrancou risos de todos os presentes, até mesmo do indesejado Messias que ainda  hoje lembra o fato, com  humor.

Vereador ficou mal visto por São Pedro

             A Câmara de Vereadores funcionava no prédio do antigo INSS, na rua Sales  Barbosa, em frente à praça  Bernardino Bahia (na época Praça do Lambe-Lambe). Década de 70, do século passado (dito assim parece mais distante ainda). Sessão noturna (eram sempre à noite)  da maior importância, já que na pauta estava a extinção do feriado de São Pedro, para a fixação do feriado de Senhora Santana, padroeira da Princesa e que até então não tinha sua data no calendário oficial do município.

            Para amenizar dizia-se que seria uma troca, que na verdade não houve, já que São Pedro, o “santo dos viúvos”, foi simplesmente retirado do calendário, “eliminado”.  Em meio às discussões e votação, foi convidado a se pronunciar o oposicionista Hermes Sodré, o “marechal Hermes”. Caboclo forte, bem-humorado, que desfrutava da amizade dos vereadores independente de bandeira política. O “marechal”, ao se levantar, não escondeu o seu embaraço.

               “Sempre me dei bem com todos os santos, São João, Santo Antônio, São Jorge, como é que agora eu vou trocar São Pedro por Senhora Santana? Eu sei que ela é nossa padroeira, mas como é que eu fico com São Pedro? O que é que eu vou dizer?” Muitos risos e no final Senhora Santana, como já era esperado, levou a melhor.

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