quinta-feira, 7 de julho de 2022

 *Philosopher*
Cristóvam Aguiar

“Penso. Logo existo”. (René Descartes)

         Em sua busca pelo “verdadeiro conhecimento” o filósofo já duvidava da própria existência, quando chegou à conclusão, lógica, de se pensava era porque existia. Ele duvidava da existência porque toda nova descoberta científica, todo novo conhecimento adquirido, era logo refutado e substituído por outro. E ele queira obter o conhecimento absoluto, irrefutável. Mas, ora, se assim o fosse, como iríamos evoluir? É sempre bom lembrar que o que move o mundo e nos faz evoluir são as perguntas, oriundas das dúvidas. E não as respostas.

         Partindo desse princípio foi que passei a ter mais dúvidas do que certezas e um belo dia me rebelei contra a frase “animais irracionais”. Como assim? Os animais não pensam? Hoje eu sei que eles pensam, mas um pensar diferente dos nosso. Eles usam o seu conhecimento para fazer apenas o que é preciso e necessário fazer, e sem ninguém para estar lhes dizendo como e quando fazer alguma coisa. Talvez por isso eles não falem. Usam suas vozes apenas para cantar, enviar gritos de alerta, intimidar rivais e para conquistas amorosas. Tão logo se emancipam da tutela dos pais seguem seus caminhos pela vida sabendo exatamente o que fazer para satisfazer suas necessidades e viverem suas vidas em total liberdade, sem medo, remorsos ou vergonha. Tudo é normal e natural.

         Ah! Mas eles agem por instinto, não raciocinam. É mesmo? Então vejamos: Eu vi um vídeo onde uma ave pegava migalhas de um sanduiche que alguém jogou perto de um lago e jogava na água. Jogava e ficava observando como um pescador. Logo aparecia um peixe para abocanhar a “isca” e era “fisgado” pelo pássaro. Ele repetiu esse movimento diversas vezes. Se isso não é o resultado de um raciocínio lógico, eu não sei mais o que é. Eu tinha um cão que vivia na fazenda do meu padrinho, onde eu ia às quartas e sábados acompanhando meu padrinho para fiscalizar os trabalhos e efetuar pagamentos. O cão viva vagando pelos pastos ou nas casas dos empregados. Mas na quarta e no sábado ficava deitado na frente da casa de olho na estrada, nos esperando. Não tenho conhecimento que cães usem calendário ou relógio.

         Eu poderia falar de muitos outros episódios om animais que não foram frutos de treinamento por reflexo condicionado. Mas basta observar com paciência e inteligência para perceber que os animais são, sim, racionais e, talvez bem mais inteligentes que nós. Donos de um conhecimento inato e capazes de realizar alguns feitos inacreditáveis.

         Às vezes penso que os “selvagens”, somos nós, devido às atrocidades que somos capazes de fazer com nossos semelhantes, por simples perversidade, ganância, ódio ou qualquer outro sentimento vil, próprio dos humanos.     

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