*Confissões*
Já fui como a fumaça dos meus charutos, a qual adora viver ao sabor dos ventos.
Barco sem timão, planava pelos caminhos da vida, ao embalo das ondas. Espírito aventureiro, ávido de conquistas, não respeitava prumos nem rumos. Circense equilibrista, sujeito a cair do arame a qualquer tempo.
Bati em rochedos. Despenquei. Fiz
sofrer.
Consertei o casco. Aprumei-me. Pedi perdão.
Neste bater-despencar-incomodar; consertar-aprumar-redimir, ano a ano, passo a passo, gesto a gesto, aprendi a (con)viver. A ser como os charutos: quietos-cativos e não como suas fumaças, irrequietas e fugazes.
Aquietei-me, pois a “felicidade está sempre onde nós a pomos”. Transformei-me, voluntariamente, em prisioneiro das pessoas, coisas e lugares a mim reservados pelo destino.
Apesar de tudo, aprendi algo com a fumaça dos meus puros. Hoje, olho para onde elas, apesar de sua inquietude, sempre vão: o firmamento.
Nesta elevação do pensar, mirando as
“nuvens lá atrás de uma andorinha que passou”, tendo por testemunha meu
charuto-companheiro, confesso-me a vocês, irmãos-leitores e amigos distantes.
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